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Fórum Internacional das Águas

Jornalistas debatem meio ambiente e comunicação

Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental conta com apoio do Ministério do Meio Ambiente para a criação de grupo de trabalho

8  out 2003

Porto Alegre, RS - Criar um grupo de trabalho em informação ambiental. Esta é uma iniciativa da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, que conta agora com o apoio do ministério do Meio Ambiente. A notícia foi divulgada nesta quarta-feira (08) pelo jornalista Aldem Bourscheit Cezarino, da assessoria de imprensa do ministério. Ele foi um dos debatedores da oficina “Águas e gestão ambiental: comunicação social e cidadania”, no Fórum Internacional das Águas. No encontro, jornalistas discutiram a importância da cobertura de questões ambientais como a água, e as dificuldades que os profissionais encontram em conquistar espaços para o tema na mídia.

A idéia de formar este grupo de trabalho, segundo o jornalista, vai ao encontro com as diretrizes do ministério, que vê a informação como uma ferramenta para a participação social. “Para que se possa governar com a sociedade, ela deve estar bem informada”, afirma.

O grupo de trabalho em informações ambientais pode abrir espaços para a chamada pequena mídia. “Temos inúmeros jornais no país que não conseguem circular por falta de recursos”, destaca o Juarez Tosi, coordenador do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul. Segundo ele, não há na grande imprensa uma política de comunicação que priorize a cobertura ambiental.

Francês propõe “pauta positiva”

O jornalista francês Daniel Ortelli, organizador do Simpósio Internacional de Águas de Cannes, que aconteceu este ano, na França, defende uma pauta positiva para a água. “Neste momento crucial da evolução do mundo e do meio ambiente, a mensagem pode fazer com que as pessoas não tenham interesse no tema. É muito mais eficaz aproveitar as histórias de sucesso que o drama para propor uma pauta.”

Ortelli conta que as duas empresas líderes mundiais em distribuição de água são francesas – Suez e Vivendi – e em seu país nunca ninguém as contestou. “Elas controlam e orientam as informações através dos centros de informações sobre a água.” Isso explica, em parte, porque a água nunca foi um assunto de destaque na imprensa francesa. “É uma tarefa difícil colocar a água na agenda política, mas é uma missão importante. Enquanto jornalistas, devemos encontrar histórias boas que vão ser veiculadas. Nosso papel não é fazer o comentário ou entrar no debate ideológico entre o público e o privado. O debate político não é para nós”.

“Água é direito humano”

A afirmativa foi rebatida pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, José Carlos Torves. “Não achamos que a privatização seja uma questão ideológica, mas é humana, porque a água é um direito humano.” Ele lembra de casos de privatizações no Brasil como em Manaus, onde a tarifa da água subiu mais do que a média brasileira e em Minas Gerais, onde a Nestlé teria acabado com as reservas de água minerais.

Para Torves, os jornalistas brasileiros têm informações sobre as questões ambientais, mas não têm liberdade de imprensa, pois as grandes empresas de comunicação estão nas mãos de oito famílias no País. “Nós, jornalistas, defendemos políticas públicas, temos responsabilidade social - que é característica da nossa atividade. Não trabalhamos só com os fatos do dia, queremos avançar. Mas o sistema de comunicação no Brasil não permite”.

O jornalista Juarez Tosi cita o exemplo da cobertura sobre os transgênicos. “Muitos jornalistas no Rio Grande do Sul têm dito que os transgênicos envolvem uma disputa ideológica. Nós não concordamos. Esta é uma forma simplista de evitar a discussão. Com a água, tende a ser o mesmo. A mídia deve refletir as preocupações dos cidadãos, e a água é uma delas.”

Também participou do debate Fernando Melecchi, representando a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) e a Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (AGERT). Ele falou sobre a capacidade de penetração do rádio e comentou sobre a importância de as emissoras respeitarem a legislação. “A ilegalidade e a pirataria equivalem à poluição das fontes de água”, compara.

 

Jornalista Sabrina Mello - sabrimello@yahoo.com.br especial para a EcoAgência de Notícias

 


Última atualização: 09 outubro, 2003 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
 
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