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ONGs enviam carta a Lula solicitando a adoção de medidas em prol da
sustentabilidade do país
21 out 2003
Brasília, DF - Com críticas a decisões que colocam em risco a
sustentabilidade do país, como a inclusão no Plano Plurianual (PPA) 2004-2007
de inúmeras obras de infra- estrutura com forte potencial para agravar o
desmatamento e a concentração fundiária na Amazônia e a liberação do
plantio de transgênicos, documento encaminhad o na manhã desta segunda-feira
(20/10) solicita, entre outros, combate ao desmatamento e às frentes predatórias
na Amazônia e o fortalecimento do Ministério do Meio Ambiente.
As
principais redes ambientalistas do país, que envolvem mais de 500 organizações
não- governamentais (ONGs), e instituições como o Greenpeace, Instituto
Socioambiental (ISA) e a Fundação SOS Mata Atlântica enviaram na manhã desta
segunda-feira (20/10) um carta ao presidente Lula expressando inconformismo em
relação a decisões governamentais que colocam em risco a sustentabilidade do
país, entre as quais a inclusão no Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 de
inúmeras obras de infra-estrutura com forte potencial para agravar o
desmatamento e a concentração fundiária na Amazônia, a liberação do
plantio de transgênicos e a omissão em relação às mudanças climáticas
globais – leia na íntegra abaixo.
De acordo com as ONGs, “as medidas
contradizem o programa de governo, fragilizam as políticas socioambientais e a
diretriz de transversalidade proposta pela ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, e provocam a erosão da imagem e da credibilidade do governo junto à
opinião pública nacional e internacional”.
As instituições solicitam que seja
implementada uma pauta emergencial, com medidas concretas, que possa reverter
decisões de grande impacto à sustentabilidade ambiental e inclua: o respeito
ao principio da precaução e o atendimento da legislação ambiental necessária
a garantir a seguridade alimentar e socioambiental; combate ao desmatamento e às
frentes predatórias em atuação no território nacional; fomento ao
desenvolvimento efetivamente sustentável; fortalecimento do Ministério do Meio
Ambiente e do Sistema Nacional de Meio Ambiente, inclusive no que se refere à
política de biossegurança; e efetiva participação da sociedade civil nos
processos, programas e decisões de governo que afetem as políticas
socioambientais.
“É preciso uma ação firme no
combate às frentes predatórias de desmatamento. Não é possível que
representantes do Ministério do Meio Ambiente sejam reféns de interesses espúrios
, contrários à sustentabilidade socioambiental, que ganham força na tolerância
do governo com suas atividades ilegais. Atender aos interesses dos que
desrespeitam a lei, como o governo fez ao autorizar o plantio de sementes de
soja transgênica, fere o estado de direito e é uma afronta aqueles que atuam
na legalidade", afirmaAdriana Ramos, assessora de políticas públicas
do ISA e representante nacional da sociedade civil no Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama).
Para Adriana, não há política
ambiental possível quando as prioridades do governo estão concentradas em
atividades insustentáveis. “É lamentável que as declarações dos
membros do governo sejam sempre no sentido de colocar os ambientalistas como
opositores do desenvolvimento. Somos sim, contrários a um crescimento a
qualquer custo, sem critérios, que tende a aumentar as desigualdades sociais de
nosso país. Membros do governo deveriam reler o programa que embasou a campanha
eleitoral.”
ISA, Cristiane Fontes, 20/10/2003
Brasília,
20 de outubro de 2003
Excelentíssimo Senhor
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente do Brasil
Senhor Presidente,
Queremos expressar, em caráter de absoluta urgência, o inconformismo
da sociedade civil organizada quanto às sucessivas decisões de
governo - a expansão da fronteira agrícola sobre as florestas
brasileiras, a inclusão no Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 de inúmeras
obras de infra-estrutura com forte potencial para agravar o
desmatamento da Amazônia e a concentração fundiária, a liberação
do plantio de transgênicos, a omissão em relação às mudanças
climáticas globais, a ameaça à integridade das terras indígenas,
entre outras - , que contradizem o programa de governo, fragilizam as
políticas socioambientais e inviabilizam a diretriz de
transversalidade proposta pela ministra Marina Silva, comprometendo as
iniciativas positivas adotadas pelo MMA para a implementação destas
políticas, provocando a erosão da imagem e da credibilidade do
governo junto à opinião pública, dentro e fora do país.
Constatamos que o governo não está avaliando corretamente a dimensão
do desgaste que já afeta V. Excia., e que ainda poderá agravar-se,
em curtíssimo prazo, caso os processos decisórios em curso sigam
desprezando as variáveis socioambientais, podendo até mesmo
contaminar as lúcidas e corajosas diretrizes estabelecidas para a política
externa brasileira.
Conclamamos V. Excia. a definir e anunciar à Nação, uma pauta
emergencial e consistente de medidas concretas, que possa reverter
decisões de grande impacto à sustentabilidade ambiental e que têm
acarretado sombria expectativa que se dissemina em nosso campo político,
e que inclua:
- o respeito ao principio da precaução e o atendimento da legislação
ambiental necessária a garantir a seguridade alimentar e
socioambiental;
- o decidido combate ao desmatamento e às frentes predatórias em
atuação no território nacional;
- o fomento ao desenvolvimento efetivamente sustentável;
- o fortalecimento do Ministério do Meio Ambiente e do Sistema
Nacional de Meio Ambiente, inclusive no que se refere à política de
biossegurança; e
- a efetiva participação da sociedade civil nos processos, programas
e decisões de governo que afetem as políticas socioambientais.
Esperando a atenção de vossa excelência para esta urgente manifestação,
nos subscrevemos.
Atenciosamente,
Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA)
Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos
Coalizão Rios Vivos
Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (FBOMS)
ECOA
Fundação Pró-Natureza (Funatura)
Fundação SOS Mata Atlântica
Fundação Vitória Amazônica (FVA)
Greenpeace
Grupo de Trabalho Amazônico (GTA)
Instituto Ambiental
Instituto Ambiental Vidágua
Instituto Centro de Vida (ICV)
Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)
Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora)
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia da Amazônia (Ipam)
Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ)
Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN)
Instituto Socioambiental (ISA)
Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA)
Rede Cerrado de ONGs
Rede Pantanal
Vitae Civilis - Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz
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Última
atualização: 21 outubro, 2003 - ©
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