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RS elege 50 delegados
AGAPAN considerou eleição para Conferência Nacional um
convescote partidário
31 out 2003
Porto Alegre, RS - 1257 pessoas elegeram no último domingo (25/10) os
50 delegados – número máximo permitido – que representarão o Estado
na Conferência Nacional de Meio Ambiente, que ocorrerá em Brasília, nos dias 28,
29, 30 de novembro deste ano. No entanto, a AGAPAN - Associação Gaúcha
de Proteção ao Ambiente Natural, em nota oficial da entidade, avalia que
houve pouquíssima representatividade, pois grande parte dos 497 Municípios do
Estado não compareceram. A organização informou que apenas 119 Municípios
fizeram se representar.
A AGAPAN também denunciou que grande parte dos presentes são detentores de
cargos de confiança do Governo Federal no Rio Grande do Sul e que não poderiam
ter concorrido. A mais votada, com 45 votos, foi a ex-deputada estadual Cecilia
Hypólito, atual gerente-executiva do IBAMA no Rio Grande do Sul.
A eleição de um dirigente do IBAMA para CONFEMA passaria despercebida se
os movimentos sociais mais representativos também tivessem conseguido eleger
seus representantes. Entretanto, na PRÉ-CONFEMA gaúcha, isso não ocorreu,
afirma a entidade. A presidente da AGAPAN, Edi Fonseca, por exemplo,
recebeu 5 votos. Ambas concorreram na mesma região - Metropolitana - embora a
gerente tenha base política na região de Pelotas, ao sul do Estado.
O resultado da eleição com nomes, região representada e votos está em tabela
mandada pelo IBAMA/RS, por solicitação, à EcoAgência.
Veja aqui.
O órgão não pôde informar a que organismos as pessoas eleitas representavam.
Afirma a AGAPAN que foi "um jogo de cartas marcadas". Para a entidade,
"o movimento ambientalista não pode ficar calado - temos que denunciar esta
forma retrógrada de intervenção política. A sociedade civil e os movimentos
sociais não podem ser manipulados pelos grupos partidários. Conferência do meio
ambiente é um fórum privilegiado da sociedade: não é uma convenção partidária
que quem leva mais filiados vence.
A sociedade não é um partido político. O movimento ambientalista surgiu
justamente como alternativa a esta velha forma de se fazer política. Não podemos
deixar que a CONFEMA reproduza este modelo anacrônico de representatividade.
A AGAPAN refere que já "Houve precedente desta prática quando foram
realizadas as CONFEMA-RS/2000 e CONFEMA-RS/2002. A APEDEMA-RS decidiu não
participar da CONFEMA-RS/2002, porque houve uma quebra de palavra do Governo.
Havia uma decisão da CONFEMA-RS/2000 que em 2001 seriam realizadas as CONFEMAs
municipais, e em 2002, a estadual. O Governo do Estado, que à época era do mesmo
partido do atual Governo Federal, não promoveu as CONFEMAs municipais em 2001, e
realizou a estadual em 2002, sem a presença do movimento ambientalista."
Até agora, além do Rio Grande do Sul, apenas Mato Grosso, Ceará e São
Paulo conseguiram o alcançar o número máximo de delegados.
Segundo é intenção do Ministério do Meio Ambiente, todas as regiões e
segmentos do Estado levarão representantes para o encontro em Brasília. O
público, que enfrentou uma forte chuva no primeiro dia de trabalho, discutiu os
seguintes temas: recursos hídricos, biodiversidade e espaços territoriais
protegidos, agricultura, pecuária, recursos pesqueiros e florestais,
infra-estrutura – transportes e energia, meio ambiente urbano e mudanças
climáticas. Seguindo a tendência das demais pré-conferências do país, a maior
parte dos debatedores também optou por tratar de problemas relativos ao ambiente
urbano, com cerca de 700 inscritos, e mais de 300 em recursos hídricos.
Foram aprovadas 39 moções envolvendo diferentes áreas. Os
participantes se mostraram contrários à construção de grandes barragens.
A nota integral da Agapan
A AGAPAN CONSIDEROU A PRÉ-CONFEMA COMO CONVESCOTE PARTIDÁRIO
A primeira Conferência Nacional do Meio Ambiente - CONFEMA - que será
realizada em Brasília, no mês de novembro de 2003, terá como objetivo definir as
diretrizes maiores da Política Nacional do Meio Ambiente. Para tanto, estão
sendo realizadas pré-conferências regionais e estaduais. Em cada Estado
está sendo realizada uma PRÉ-CONFEMA, onde são eleitos os delegados a CONFEMA
Nacional.
Qualquer pessoa poderá se candidatar como delegado do seu Estado ou Região,
pois este é um direito assegurado ao cidadão. O Governo é o organizador da
CONFEMA, porque assim determina a lei. A Conferência é para sociedade dizer como
e qual é a política ambiental. O Governo propõe sua política encaminhando
projeto de lei ao Congresso ou proposta de Resolução ao CONAMA.Também poderá
encaminhar proposta a CONFEMA e defendê-la, mas não poderá votar, porque este
não é o seu papel.
Se o Governo quer uma determinada política, para aprová-la no Congresso ele
mobiliza a sua base aliada para votar a favor. Numa Conferência o Governo não
pode votar enquanto organizador, pelo simples fato de ser o organizador.Não se
trata de escolher quem poderá participar. O Governo acaba por determinar os
participantes porque tem a chave do cofre. Os movimentos sociais em grande parte
não têm recursos para ir até Brasília defender suas idéias sem o apoio do
Governo.
Isso foi o que ocorreu na PRÉ-CONFEMA do Rio Grande do Sul. Assistimos a
chegada de caravanas de CCs vindos de municípios administrados por prefeituras
alinhadas com o Governo Federal. Na outra ponta não havia quase ninguém. No
grupo de Política Urbana, 90% dos participantes vinham de cidades administradas
pelo mesmo partido do Governo Federal. São 497 municípios no RS. Faltaram
representantes de quase 400 municípios.Por quê? Um dos nossos representantes
trabalhos na sistematização das propostas até às 22 horas do sábado. A
conferência estender-se-ia até a noite de domingo. Após concluir os trabalhos,
soubemos que o critério para escolha dos delegados era "mobilização", ou melhor,
quem levasse mais pessoas seria eleito. Confundiram convescote partidário com
conferência do meio ambiente.
A Coordenadora do IBAMA-RS, Deputada Cecília Hypolito, ocupante de Cargo de
Confiança - CC, foi eleita delegada do RS na PRÉ- CONFEMA, sendo a mais votada.
A eleição de um dirigente do IBAMA para CONFEMA passaria despercebida se os
movimentos sociais mais representativos também tivessem conseguido eleger seus
representantes. Entretanto, na PRÉ-CONFEMA gaúcha, isso não ocorreu.
O Governo resolveu concorrer com a sociedade candidatando-se como delegado.
Este fato desqualifica totalmente o processo de participação popular, porque
sendo o IBAMA o órgão executivo da Política Nacional do Meio Ambiente, como tal
deveria somente fornecer os subsídios e toda a infraestrutura para realização da
CONFEMA, que é a instância privilegiada de participação da sociedade na política
ambiental. Em qualquer democracia de verdade este fato seria suficiente para
anular o processo como um todo.
A democracia foi atropelada "em nome" da democracia. A base de sustentação da
democracia está nos movimentos sociais. O movimento ambientalista é um movimento
social considerado histórico. A AGAPAN, pioneira do ambientalismo, participante
ativa deste processo, não foi eleita delegado. Fomos à entidade que talvez
tenha apresentado mais propostas nesta PRÉ-CONFEMA. Trabalho que consumiu muitas
horas, mas que fizemos com prazer, pois a nossa missão é a ecologização
participativa da sociedade.
Pessoas que pertenciam a entidades que estavam na coordenação da conferência
simplesmente entregaram as propostas dos seus grupos e foram embora, deixando de
sistematizá-las. Afinal, qual era a responsabilidade destas pessoas com aquelas
que representavam? Elas estavam ali somente para elegerem-se delegados, não
importando o conteúdo das propostas, como se fosse uma convenção partidária. Era
um jogo de cartas marcadas. O movimento ambientalista não pode ficar calado.
Temos que denunciar esta forma retrógrada de intervenção política. A sociedade
civil e os movimentos sociais não podem ser manipulados pelos grupos
partidários. Conferência do meio ambiente é um fórum privilegiado da sociedade:
não é uma convenção partidária que quem leva mais filiados vence.
A sociedade não é um partido político. O movimento ambientalista surgiu
justamente como alternativa a esta velha forma de se fazer política. Não podemos
deixar que a CONFEMA reproduza este modelo anacrônico de representatividade.
Houve precedente desta prática quando foram realizadas as CONFEMA-RS/2000 e
CONFEMA-RS/2002. A APEDEMA-RS decidiu não participar da CONFEMA-RS/2002, porque
houve uma quebra de palavra do Governo. Havia uma decisão da CONFEMA-RS/2000 que
em 2001 seriam realizadas as CONFEMAs municipais, e em 2002, a estadual. O
Governo do Estado, que à época era do mesmo partido do atual Governo Federal,
não promoveu as CONFEMAs municipais em 2001, e realizou a estadual em 2002, sem
a presença do movimento ambientalista.
Um dos resultados desta apropriação pelos CCs do espaço do movimento
ambiental é a mais recente decisão da ministra chernodilma, apoiando a
construção de mais uma barragem no rio Uruguai. Na CONFEMA-RS/2000, foi aprovada
uma Resolução, por unanimidade, que não seria construída mais nenhuma barragem
no rio Uruguai. Infelizmente, a Resolução não pode ser divulgada, porque o
Caderno de Resoluções foi publicado somente depois de dois anos.
Para quem não sabe, a ministra, à época, era a Secretária de Energia do
Estado do RS e, como tal, conseguiu aprovação da construção de uma gigantesca
termoelétrica a carvão na Região Metropolitana de Porto Alegre, e que as
Resoluções da CONFEMA-RS/2000 caíssem no esquecimento.
Esta CONFEMA nacional será realizada sem um processo amplo de consulta a
sociedade, que somente é oportunizado pelas CONFEMAs municipais. Espero que os
tais delegados "eleitos" tenham a dignidade de estabelecer 2004 como o ano das
CONFEMAs municipais, 2005 das CONFEMAs estaduais, e 2006 como o ano da CONFEMA
democrática. E que as CONFEMAs sejam organizadas pela sociedade a partir
do CONAMA, e não esta manipulação partidária vergonhosa em que foram eleitos
como delegados CCs do Poder Executivo Nacional e Municipal.
Trata-se de uma total inversão de valores. A CONFEMA é a instância onde a
sociedade estabelece as diretrizes maiores da política ambiental e não o
governo. Foi uma fraude o processo de participação da sociedade nesta
PRÉ-CONFEMA do RS.
Texto do jornalista João Batista Santafé Aguiar -
joaobatista@ecoagencia.com.br,
com dados de texto da Assessoria de Imprensa do IBAMA, para EcoAgência de
Notícias - www.ecoagencia.com.br
Última
atualização: 30 outubro, 2003 - ©
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