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28-ago-03
O Engenheiro-Agrônomo e Doutor em Engenharia de Produção Leonardo Melgarejo divulgou estudo em que discute a hipótese de que os resultados obtidos pelos gaúchos, na safra de soja 2002/2003 foram restringidos pelo uso de sementes desenvolvidas para otimização nas aplicações de um único herbicida, e destinadas na verdade a cultivo em outras regiões geográficas, ao invés de objetivarem ganhos de produtividade.
O estudo, intitulado "Os Transgênicos e a Safra de Soja 2002-03, no Rio Grande do Sul" está transcrito na íntegra na página de Artigos na EcoAgência de Notícias - www.ecoagencia.com.br.
Afirma o autor que a safra gaúcha apresentou ganhos de produtividade da ordem de 41% em relação à média os últimos três anos. No entanto, o clima excepcional do ano agrícola 2002/2003 mascarou, em realidade, os resultados que poderiam ser ainda maiores, considerando as produções no Centro Oeste brasileiro, onde não houve plantação de transgênicos, e na Argentina e nos Estados Unidos da América, onde o plantio massivo da Soja Roundup Ready ™ já se realiza a mais de 5 anos.
A argumentação foi realizada com base em dados públicos, divulgados pelo IBGE, e nas fontes que indica ao final do artigo.
Afirma ainda que a performance superior apresentada pelas lavouras do Centro Oeste revela que transição, naquele ambiente, para os sistemas adotados no Rio Grande do Sul, Argentina, e mesmo EUA, implicariam em drástica redução na oferta de soja, comprometendo os interesses nacionais, afirma o cientista.
Noutra parte da sua análise, Melgarejo afirma que "tomando como base o Rio Grande do Sul, e supondo que esta safra se apoiasse em sementes transgênicas desenvolvidas para a realidade gaúcha, que repetissem a performance da safra argentina ou americana, as informações disponíveis sugerem que o ganho máximo a ser esperado ainda seria inferior ao propiciado pela soja nacional, cultivada no Centro Oeste".
Cita estudo patrocinado pela FUNDACEP que mostra que em 2001/2002, quando a área de soja transgênica no Rio Grande do Sul foi um pouco inferior a atual, constatou-se que a mesma já apresentava rendimentos inferiores aos obtidos com as variedades brasileiras.
Enfim, afirma, contrariamente à divulgação massiva promovida por setores da grande imprensa, evidências de realidade associam a adoção de sementes transgênicas a perdas substantivas para a economia gaúcha em termos de rendimentos potenciais não realizados.
Conclui o estudo afirmando que os expressivos valores envolvidos na eventual cobrança de royalties, pelo uso de sementes RR, implicarão em drenagem de recursos importantes para a economia do Rio Grande do Sul. "Considerando que a Monsanto imponha, aos gaúchos, a mesma taxa cobrada dos agricultores argentinos (US$ 49,83/ha), e aplicando-a a 80% da área cultivada com soja no Rio Grande do Sul (estimativa reiteradamente divulgada pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul - FARSUL - como sendo a "soja transgênica" cultivada no RS) alcançaremos a cifra de 140 milhões de dólares. Como estamos nos referindo a uma espécie de arrecadação anual, este ponto deve ser considerado em paralelo aos argumentos anteriores, por ocasião da avaliação das decisões de plantio para a próxima safra.
http://www.agirazul.com.br/artigos/melgarejo.pdf (formato PDF, 196 kb)
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2003/ago/25/25.htm