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Agricultura brasileira pode reduzir o efeito estufa

EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
24-ago-03


 

A agricultura brasileira tem um grande potencial para seqüestrar carbono no Cerrado e na região Sul do País. Em um ano, é possível retirar da atmosfera 110 milhões de toneladas do principal gás responsável pelo efeito estufa, sendo 50 milhões de toneladas retidas no solo e 60 milhões de toneladas com o controle da erosão.

A estimativa é do indiano Rattan Lal, especialista internacional em seqüestro de carbono que esteve nesta sexta-feira, 22 de agosto, no Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia da Ufrgs em Porto Alegre e na sede da Fiergs à convite do Consulado dos Estados Unidos em São Paulo e do Centro Nacional de Tecnologias Limpas.


Rattan Lal
- foto de Cláudia Viegas

“A agricultura convencional destrói o meio ambiente, mas com um bom manejo, como o Plantio Direto, é possível preservar controlar a erosão, preservar a biodiversidade e evitar as mudanças climáticas. Além de garantir a segurança alimentar, a agricultura pode preservar o meio ambiente”, garante o cientista do solo Rattan Lal.

Autor de mais de 300 artigos científicos, Rattan Lal é reconhecido internacionalmente pelas suas pesquisas que demonstraram uma forte relação entre solos degradados e emissão de gases do efeito estufa para a atmosfera. “As atividades agrícolas representam hoje 25% das emissões globais de carbono”, calcula.

O Plantio Direto é recomendado pelo especialista da Universidade Estadual de Ohio. Rattan Lal sugeriu também a entrada do Brasil no mercado internacional de venda de carbono. “Já existe disponível um fundo de US$ 100 milhões no Banco Mundial, independente do Protocolo de Kyoto, que financia projetos de até US$ 2 milhões”, informou.

Para quantificar a quantidade de carbono que é retido no solo, o que é fundamental para entrar no novo mercado internacional dos direitos de poluição, ainda será preciso melhorar a metodologia de medição. O professor Lal citou uma nova técnica usada nos Estados Unidos. O carbono é monitorado por sensoriamento remoto.

No entanto, Rattan Lal faz questão de ressaltar que o problema do aquecimento global só será resolvido com o abandono dos combustíveis fósseis. O seqüestro de carbono através de boas práticas agrícolas é apenas um paliativo que pode ajudar a diminuir o problema no curto prazo, entre 20 e 50 anos, enquanto o petróleo é abandonado.

Rattan Lal é diretor do Centro de Gerenciamento e Seqüestro de Carbono e professor da Escola de Recursos Naturais da Faculdade de Alimentação e de Ciências Agrícolas e Ambientais da Universidade Estadual de Ohio. No dia 8 de julho, ele apresentou um depoimento no Comitê de Meio Ambiente do Senado dos Estados Unidos.

“O seqüestro terrestre de carbono é o que traz mais retorno com menos investimento. O aumento da matéria orgânica melhora a qualidade do solo, reduz o risco de contaminação da água e diminui a emissão de gases para a atmosfera”, defendeu Rattan Lal aos senadores em Washington e também nas palestras na Ufrgs e na Fiergs.

O depoimento de Rattan Lal no Senado dos Estados Unidos está disponível no site  http://epw.senate.gov/108th/Lal_070803.htm (ou aqui).

Texto do Jornalista Roberto Villar Belmonte – roberto@ecoagencia.com.br - foto da Jornalista Cláudia Viegas - claudia@ecoagencia.com.br  para a EcoAgência de Notícias


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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