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Falta de
informação é um dos principais problemas em relação aos
acidentes ambientais
Alerta foi feito por representante da
Amigos da Terra Brasil durante 3º Seminário sobre Acidentes Químicos – Atuação na Mídia
EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
11-ago-03
Porto Alegre, RS -
A cada ano são lançadas no mundo entre mil de duas mil novas substâncias químicas. O alerta foi feito pelo engenheiro Gilson Spanenberg, da Amigos da Terra Brasil nessa segunda-feira (11), ao abordar o tema “Acidentes Químicos e o Impacto nas Comunidades”, durante o
3º Seminário sobre Acidentes Químicos – Atuação na Mídia, que se realiza
na PUC, em Porto Alegre.
De acordo com o representante da Amigos da Terra Brasil,
há atualmente em todo o planeta mais de 20 milhões de substâncias químicas,
sendo que apenas 100 mil possuem uso comercial difundido. E que é mais grave,
segundo ele, somente em seis mil substâncias foi realizado algum teste de
toxidade.
O 3º Seminário sobre Acidentes Químicos – Papel da Mídia foi aberto com a presença do vice-governador do Estado, jornalista Antônio Hohlfeldt e encerra nesta terça-feira (12). Ele está sendo promovido pela Politizar – Assessoria Política e Ambiental e conta com apoio de duas dezenas de entidade e órgãos públicos, entre elas no
Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS).
No entender do engenheiro Gilson Spanenberg, um dos maiores problemas em relação aos acidentes ambientais é a falta de informação. Ele criticou os órgãos ambientais brasileiros
“que atuam com deficiência”, lembrando o vazamento da indústria de papéis Cataguazes (MG), ocorrido no final de março deste ano. Conforme o representante da
Amigos da Terra Brasil, as autoridades falavam inicialmente no vazamento de 10 milhões de litros, quando, no final, viu-se que o total chegava a 1,4 bilhões de litros. “Não é possível aceitar um erro tão grande”, concluiu ele.
Precariedade no controle dos riscos
No mesmo painel, o engenheiro Álvaro Bezerra de Souza Jr., especialista em análise de gerenciamento de riscos da empresa Golder Associados, uma multinacional canadense com escritório no Rio de Janeiro, lembrou que segundo dados da ONU há uma incidência muito grande de acidentes severos nos países em desenvolvimento.
“Isso se pode atribuir”, explica, “à precariedade no controle das
operações das instalações nesses países, com a proximidade de residências e
ocupações humanas a essas áreas de risco, o que deveria ser evitado”.
No entender do especialista é necessária a definição de planejamento territorial, com o estabelecimento de áreas que são propícias a instalações industriais e outras à ocupação humana, havendo uma distância entre ambas. Ele entende que cabe ao poder público o controle da situação para evitar que mais tarde a situação tenha que ser remediada. “Há diversos exemplos no Brasil”, enfatiza, “de áreas rurais que foram ocupadas por instalações industriais, em que não havia habitação nenhuma, e hoje estão praticamente cercadas por residências, escolas, hospitais. Fica muito difícil depois de uma situação dessas estabelecida, fazer alguma coisa”.
Álvaro Bezerra de Souza Jr. Relata que em países mais avançados ocorre o planejamento territorial, através da previsão da ocupação de áreas com características distintas.
“Não há a condescendência que ocorre no Brasil de fechar os olhos para esse tipo de coisa. Aqui proliferam-se essas áreas e o poder público não atua. Com isso, o que se vê é a defesa do direito dessas pessoas de continuarem ocupando essas áreas de risco”, finaliza ele.
Jornalista Juarez Tosi, repórter da Ecoagência (mailto:juarez@ecoagencia.com.br).
Última atualização:
06 setembro, 2011 - ©
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