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A promoção é da
Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (AIDIS) e da
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Seção RS (Abes). É a primeira vez que é realizado um evento sobre esta temática no Brasil. Os principais problemas de saúde relacionados a má qualidade do ar interno são sonolência, dor de cabeça, irritação nos olhos, secura de mucosas e problemas alérgicos e respiratórios. Segundo diretor de Qualidade do Ar da AIDIS, Eduardo Ortiz, os estudos de rotina são insuficientes para detectar doenças ocasionadas pelo ar contaminado. Ele acrescenta que são necessários estudos tanto de dia quanto de noite para verificar as condições dos ambientes dos edifícios, pois as características nos dois turnos são diferentes. “De noite, há incinerações e limpezas, que deixam resquícios para o dia”, observa. |
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Eduardo Ortiz - Foto de Carlos Stein para a EcoAgência de Notícias |
Em grande parte dos casos, a poluição é cinco vezes maior dentro de casa do que fora, comentou o diretor da Divisão do Caribe da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos - EPA, Carl-Axel Soderberg.
Ele informa que em Porto Rico as indenizações para os afetados por edifícios doentes chegaram a US$ 325 mil. Disse ainda que US$ 60 milhões serão usados para remediar edificações em San Juan. O sistema escolar de Austin, no Texas, nos Estados Unidos, teve que desembolsar US$ 49.3 milhões para atender problemas ocasionados por fungos na escola. As reclamações junto às seguradoras residenciais nos Estados Unidos por danos por fungos vão de US$ 15 a US$ 30 mil, totalizando cerca de US$ 2,500 milhões em 2002.
O engenheiro argentino revela ainda que é preciso informar permanentemente as condições do ar para a população. Em locais como escritórios, universidades, bancos e até mesmo o famoso Teatro Colón, de Buenos Aires, podem estar contaminados. Outros pontos que contribuem para este quadro são a umidade e o material particulado. Há locais no centro da capital portenha que apresentam de 15 a 20% de um fino pó, com 150 microgramas por metro cúbico. Além disso, Buenos Aires sofre com a incidência de
NO² (Óxido de Nitrogênio) e Ozônio.
O que salva Buenos Aires, diz ele, é que a cidade dispõe de uma boa corrente dispersora de ar. Não ocorre inversão térmica e as condições topográficas e metereológicas ajudam bastante, ao contrário de capitais como Santiago do Chile, São Paulo e Cidade do México. Mas o presidente da Associação de Engenheiros do Trabalho da Argentina ressalta: por causa disso a população não reivindica mais investimentos e uma maior atuação do poder público nesta área. |
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Carl-Axel Soderberg |
“É porque as pessoas não sentem, ainda mais com a atual crise econômica, onde mais da metade da população está abaixo da linha da pobreza”, aponta, lembrando que há 30 anos, o vizinho do Prata era um dos mais prósperos da América Latina.
Os problemas decorrentes da má qualidade do ar interno também são um reflexo da poluição atmosférica, que ainda pode provocar danos em ambientes aquáticos. Segundo um estudo do Instituto Ambiental de Estocolmo, Suécia, os níveis de poluição por enxofre na América Latina, no solo e na água são similares aos europeus.
Na sua palestra pela manhã, Soderberg disse que 90% das substâncias tóxicas chegam nos Grandes Lagos norte-americanos por meio de contaminação aérea. Ele acrescenta que em 50% dos lagos não há mais vida biológica, devido à acidez das águas e a lixiviação de mercúrio. Axel disse que já foram encontrados peixes contaminados com o metal pesado. Tudo isso é provocado pela chuva ácida, que ocorre pelo lançamento na atmosfera de gases poluentes, como o Dióxido de Enxofre e Óxidos de Nitrogênio.
Ressaltou alguns números que demonstram a preocupação da EPA com a situação dos poluentes nos Estados Unidos. Disse que houve uma redução de fontes emissoras de Dióxido de Enxofre (7 milhões de toneladas) e Óxidos de Nitrogênio (2 milhões de toneladas) entre 1990 e 2002.
Conforme os dados apresentados por Axel, 133 milhões de pessoas vivem em áreas que, em algum momento, excedem as normas de qualidade do ar. Ele cita o caso da Baia de Santa Bárbara, na Califórnia, onde 50% dos metais chegam por contaminação aérea. A dispersão aérea de nitrogênio contribui entre 10% e 40% dos níveis de nitrogênio, o que influi para o aumento de contaminação orgânica nos cursos d´água.
A indústria automobilística terá que ajustar os motores e deixar ainda mais “limpos” seus novos modelos. A Agência Ambiental Americana tem como metas a redução do lançamento de gases da atmosfera. As normas de emissão para automóveis vão diminuir em até 77%, até 2004. Também até este ano, pretende reduzir o enxofre da gasolina de 300 ppm (partes por milhão) para 30 ppm. Já com relação às Vans ou Furgões e Caminhões, as normas de emissões serão ainda mais rígidas: terão que diminuir em 95% até 2007.
Axel lembra que estas medidas equivalem a eliminação de 166 milhões de automóveis das ruas. Como benefícios ele ainda aponta: que serão evitadas 11 mil mortes prematuras por ano, o aparecimento de 7,3 mil casos de bronquite por ano e a ausência de 2 milhões de pessoas nos seus locais de trabalho.
Já para o controle maior para motores diesel, Axel salientou que até o ano de 2006, haverá uma redução no grau de enxofre no diesel (que alimenta ônibus e caminhões) de 500 ppm para 15 ppm. Cabe lembrar, citou o presidente do Conselho Consultivo da AIDIS, que a emissão de um caminhão a diesel equivale a de 150 automóveis. A previsão é de que haja uma redução, em 90% no lançamento de material particulado, até 2007 e, em 95% os hidrocarbonetos e NOx (Nitratos) até 2010. Axel também lembra que esses ajustes trarão benefícios a saúde pública: serão evitadas 8.3 mil mortes prematuras por ano e 1,5 milhão de faltas no trabalho.
A EPA quer incentivar o uso de veículos elétricos e híbridos nos Estados Unidos. Já para o desenvolvimento de carros a hidrogênio, os Estados Unidos vão investir US$ 1,5 milhão e a União Européia, US$ 2,4 milhões. Para os tratores, motores de embarcações, equipamentos de irrigação entre outros que utilizam o diesel, também serão estabelecidas reduções. O enxofre será reduzido de 3,000 ppm para 600 ppm até 2007.
Haverá novos requisitos para motores diesel até 2008 e a utilização de novos motores e conversores catalíticos (2010 - 2013), além disso, a diminuição de 95% de óxidos de nitrogênio. Com isso, Axel garante que deixarão de ocorrer: 9.600 mortes prematuras por ano e gastos da ordem de US$ 80,000 milhões em custos médicos. Isso corresponde a eliminação de 32 milhões de automóveis das ruas.
Para as termelétricas (que utilizam combustíveis fósseis para a geração de energia, como óleo, carvão e gás), a EPA tem a meta para até 2020 reduzir em 73% de Dióxido de Enxofre, de 64% de mercúrio e 67% de Óxidos de Nitrogênio. Ele acredita que com isso, serão evitadas 12 mil mortes e a economia de US$40 milhões por ano.
Jornalista Sílvia Marcuzzo - Mtb 7551 - silvia@ecoagencia.com.br para a EcoAgência de Notícias