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ONGs ambientalistas gaúchas querem desmatamento zero na região de Mata Atlântica

EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
21-jun-03

As entidades participantes da Rede de ONGs da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul lançaram ontem (20/6) a campanha Desmatamento Zero. O objetivo é transformar a campanha conduzida pela Rede a nível nacional, em uma ação estadual integrada por ONGs, Governo e setor privado.

A degradação da Mata Atlântica iniciou com a visita às terras de Santa Cruz por Pedro Álvares Cabral em 1500. No entanto, ainda é ela que regula o fluxo de mananciais hídricos, assegura a fertilidade do solo, controla o clima e protege escarpas e encostas das serras, viabilizando a existência de 120 milhões de brasileiros. Maria Celina Santos de Oliveira, integrante da Associação Ecológica Canela - ASSECAN, no RS, afirma que “vivemos todos estes anos de forma não sustentável em relação ao Bioma que nos rodeia, consumindo o capital e não aproveitando da renda natural, que são os usos indiretos, os serviços ambientais que a floresta proporciona”.

Alexandre Krob, da ONG Curicaca, esclarece que “com a campanha queremos que haja um esforço muito mais intenso no controle do desmatamento ilegal; da mesma forma, queremos que haja a oferta de alternativas, oriundas da elaboração e da implantação de uma política pública que integre as áreas florestal, agrícola, hídrica e ambiental nos meios rural e urbano”. Para ele, isso oferecerá as garantias mínimas para que as ações dos setores de desenvolvimento não tragam graves prejuízos ambientais e sociais. Por isso, diz, a Campanha pede que o governo, a sociedade civil e os setores produtivos sentem-se juntos para construí-la. Krob afirma que hoje vivemos uma situação em que, equivocadamente, o setor rural enxerga como seus maiores inimigos a legislação ambiental e as instituições de licenciamento e fiscalização. Ele considera que “esse sentimento é fruto de uma manobra conduzida por alguns poucos grupos produtivos que obteriam muito lucro com a flexibilização da lei, mas serve também para desviar as atenções e cobranças que deveriam existir sobre aqueles setores dos governos federal, estadual e municipais responsáveis pela disponibilização de alternativas sustentáveis aos agricultores, e que ainda pouco fazem”.

Lisiane Becker, do Mira-Serra, afirma que há desmatamentos autorizados em locais impedidos por lei, "quando o órgão licenciador não chega a visitar a área".  De 1940 aos dias de hoje, houve redução de 35,08% da área total de 39% ocupada por ecossistemas do bioma Mata Atlântica no Rio Grande do Sul.

Káthia Vasconcellos Monteiro, dos Amigos da Terra - Brasil, destaca que o desmatamento do pouco que resta da mata atlântica original no Rio Grande do Sul ameaça a qualidade dos mananciais de água servidos à população humana da região. Os governos falam em "qualidade da água" e muito pouco em "conservação das florestas", destaca.

A Campanha quer trazer luz a esta visão complexa e real, que não é protecionista, e buscar os meios viáveis para o desenvolvimento sustentável. Vai lutar pela qualificação da extensão rural, o estabelecimento de uma extensão florestal, o fomento às práticas sustentáveis, a valoração dos serviços ambientais de uma floresta viva e daqueles que a mantém, o fortalecimento dos comitês de bacias e do comitê da Mata Atlântica, entre outros. A campanha quer todos juntos por uma causa única - a vida das florestas e dos que dela dependem, rurais e urbanos, disseram praticamente em coro, os representantes das entidades durante o lançamento da Campanha.

 

 

Jornalista João Batista Santafé Aguiar, para a EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA - www.ecoagencia.com.br


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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