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Diplomacia dos cheques emperra Santuário do Atlântico Sul

Governo brasileiro promete continuar lutando pelo Santuário de Baleias do Atlântico Sul, apesar do "bloco do Yen"

Rejeitada também a criação do Santuário do Pacífico Sul

Mantido o Santuário Antártico, embora o Japão cace para "fins científicos"

 
Berlim, 18/6/2003 - "O medo da perda do apoio econômico japonês falou mais alto." Com essa frase, o 'Alternate Commissioner' brasileiro na 55a. reunião da Comissão Internacional da Baleia, José Truda, resumiu a decepção da delegação brasileira frente à não aprovação da proposta de criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul.

 

Leia a íntegra da proposta do Brasil, em inglês O Presidente do IBAMA, Marcus Barrus, lê a proposta brasileira para o Santuário

E. Cabrera/Centro de Conservación Cetácea-Chile.

Apesar de, pelo terceiro ano, consecutivo, a proposta brasileira obter a maioria absoluta de votos na CIB (24 contra 19, com 3 abstenções), os 3/4 de maioria qualificada exigidos pelo tratado de 1946 para a criação de santuários foram bloqueados pelo grupo dos países que as ONGs chamam de "puppets" (marionetes), os países pobres e pequenos pagos pelo Japão com muita "ajuda econômica" para participar da CIB votando exclusivamente contra iniciativas de conservação.

O Gabão, cujo embaixador no Brasil compareceu ao lançamento da proposta do Santuário no mês passado, em Brasília, reverteu sua posição frente à pressão japonesa, mas não votou por estar com seu pagamento à CIB atrasado. O Presidente do IBAMA, Marcus Barros, declarou à imprensa presente em Berlim que o Brasil manterá a proposta em pauta até obter sua aprovação, mesmo que custe mais esforço e tempo. "Estamos convencidos da seriedade da proposta e de que ela é essencial para proteger nossa região da volta da matança desenfreada de baleias", disse Barros.

No grupo das Ongs ambientalistas credenciadas junto à CIB como observadoras é grande a revolta com a "diplomacia do cheque" raticada pelo Japão. "Está na hora das Nações Unidas investigarem seriamente esse assunto, que representa séria ameaça à governança global em meio ambiente", disse o Presidente da Coalizão Internacional da Vida Silvestre nos Estados Unidos, Daniel J. Morast. Ele frisou que o problema da compra de votos pelo Japão está se estendendo a outros tratados e ameaçando a conservação de outras espécies ameaçadas de flora e fauna.

Na mesma rodada de votações, a proposta de Austrália e Nova Zelândia para um Santuário do Pacífico Sul foi rejeitada, tendo obtido o mesmo número de votos favoráveis, mas um a menos do lado japonês, já que o delegado da Mongólia estava almoçando e teve de ser buscado às pressas pelos japoneses para votar contra a proposta brasileira.

Uma vitória dos países pró-conservação nessa terça-feira foi a rejeição de uma proposta japonesa, por 26 votos contrários e 17 a favor, de reabrir legalmente a caça de baleias no Santuário Antártico, declarado em 1994. O Japão mata baleias naquele Santuário sob o pretexto de "caça científica", mas vem enfrentando crescentes protestos da comunidade internacional.

Placar da votação do Santuário do Atlântico Sul:

A Favor:

BRASIL, Argentina, Austrália, Áustria, Chile, Finlândia, França, Alemanha, Índia, Itália, México, Mônaco, Holanda, Nova Zelândia, Omã, Peru, Portugal, San Marino, África do Sul, Espanha, Suécia, Suíca, Reino Unido, Estados Unidos.

Contra:

Antigua & Barbuda, Benin, China, Coréia do Sul, Dinamarca, Dominica, Grenada, Guiné, Islândia, Japão, Mongólia, Nicarágua, Noruega, Palau, Panamá, Rússia, St. Kitts & Nevis, St. Lucia, Ilhas Salomão.

Abstenções:

Irlanda, Marrocos, St. Vincent & Grenadines.


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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