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Exclusão hídrica gera mobilização do WWF-Brasil na Capital Federal

EcoAgência de Notícias
06-jun-03

A exclusão hídrica é uma das mais perversas conseqüências do mau uso da água no país. A conclusão é da organização ambientalista WWF Brasil que, nesta quinta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, entregou um documento ao Presidente da Câmara Federal, deputado João Paulo Cunha, com proposta que objetivam reverter a degradação das águas no Brasil e promover a inclusão hídrica dos mais de 40 milhões de brasileiros que não tem acesso a esse direito fundamental à vida.

Antes da entrega do documento, militantes da WWF-Brasil realizaram uma manifestação na Torre de TV, ponto central da Capital Federal, abrindo uma faixa com mais de 30 metros de altura. A faixa, que ficará no local por uma semana, traz a imagem em tamanho real de uma cachoeira. O descerramento da faixa foi feito por uma equipe de rappel. A manifestação, que faz parte da Campanha “Água Para a Vida, Água Para Todos”, terminou com uma grande quantidade de balões colorindo os céus de Brasília. 

Integrantes da WWF-Brasil lembram que, segundo a Unicef, apenas a metade da população das nações em desenvolvimento tem acesso à água potável. “Em todo o mundo”, diz o documento entregue ao deputado João Paulo Cunha, com cópias para o presidente do Senado, José Sarney e para a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, “ocorrem cerca de 10 milhões de mortes anuais provocadas por doenças de veiculação hídrica. Além da injustiça social, há conseqüências de ordem financeira. Segundo a Organização Mundial da Saúde, para cada dólar investido em saneamento ambiental são economizados de 4 a 5 dólares na área de saúde”. 

No Brasil infelizmente a situação não é diferente. Cerca de 70% das internações hospitalares decorrem de doenças transmitidas pela água contaminada. Os dados do IBGE também não deixam dúvida quanto à enorme dívida socioambiental do governo com milhões de brasileiros. Cerca de 9 milhões de famílias - mais de 40 milhões de pessoas - não têm acesso aos serviços de saneamento ambiental, garante o WWF-Brasil. O documento lembra, ainda, que a escassez de água coloca em risco o equilíbrio das florestas.

Entre as várias propostas levantadas pela ONG para reverter o processo de degradação das reservas hídricas estão: 

• implementar dos compromissos assumidos pelo Brasil na Cúpula de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Johannesburgo em 2002; 
• promover a integração das políticas e intervenções setoriais, internalizando a temática ambiental nos diversos setores do Governo, onde a água seja entendida como elemento estratégico para o desenvolvimento do país; mudar a concepção adotada para a água, de simples comodity para suporte à vida; 
• promover a inclusão hídrica dos milhões de brasileiros hoje sem acesso a esse direito fundamental à vida; e 
• fortalecer a participação da sociedade na gestão dos recursos hídricos, implementando os mecanismos de gestão integrada deste recurso com ênfase na criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas, na capacitação permanente de seus integrantes e na criação das Agências de Bacias “independentes”.

Também é necessário, diz o documento, o estabelecimento, como prioridade, diretrizes e mecanismos de combate ao desperdício de água principalmente na irrigação e no setor de saneamento.

De acordo com o coordenador do Programa água para a Vida, Samuel Barrêto, a Campanha “Água Para a Vida, Água Para Todos” deverá durar quatro anos. A WWF-Brasil pretende mesclar ações nacionais, como atividades regionais. “Nossa expectativa”, diz ele, “é que esta campanha seja de todos os brasileiros. Ao final, se ela for bem sucedida, todos sairão ganhando, e gerações atuais e futuras poderão comemorar”.

Saites relacionados:

Documento contendo propostas para reverter a degradação das águas no Brasil: http://www.wwf.org.br/informa/doc/campanhaagua_doc_camara.doc

Dados gerais sobre a água no Brasil http://www.wwf.org.br/informa/campanhaagua_dadossobreagua.htm

Jornalista Juarez Tosi (mailto:Juarez@ecoagencia.com.br), com Edição, para a EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA.