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REGIONAL - Região do Vale do Taquari é "top de linha" em ações de
saneamento ambiental
Mesmo assim, ainda é um dos maiores contaminadores do lençol freático no Rio Grande do Sul
EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
04-jun-03
O saneamento urbano foi a pauta da reunião ordinária do Movimento Pró-Meio Ambiente, que aconteceu em Estrela,
no Rio Grande do Sul, na tarde desta terça-feira ( dia 03). A discussão técnica foi subsidiada pelo geólogo Everaldo Ferreira, do pólo de modernização tecnológica da Univates, responsável pelo grupo que está realizando um diagnóstico das águas subterrâneas de Lajeado.
A região do Vale do Taquari, segundo Everaldo Ferreira, é “top de linha” em ações de saneamento ambiental, contudo ainda é um dos maiores contaminadores dos lençóis freáticos no Estado. “Somos os maiores produtores de suínos, uma atividade altamente poluente”, lembra o geólogo, salientando que “o mais preocupante são os efluentes domésticos, que já comprometem a qualidade da água que estamos consumindo”.
Estima-se que 80% dos brasileiros não dispõe de saneamento básico. Ferreira
discorda dos dados do IBGE que apontam quase 90% de saneamento básico no Rio
Grande do Sul: “Muitas vezes ,quando é realizado o censo, o pessoal nem sabe
o que é uma fossa séptica. Então, quando um morador é questionado sobre a
destinação dos dejetos ele afirma que conta com sistema de tratamento, fossa,
sumidouro, apenas respondendo ao entrevistador, sem fazer idéia do que isto
significa”.
Dados preliminares levantados pela pesquisa da Univates apontam para a existência de cerca de 500 poços para abastecimento de água em Lajeado. Entretanto, acredita-se que mais 25% estejam contaminados. “O principal fator contaminante são os dejetos da própria residência através de fossas mal dimensionadas, falta de manutenção nos sistemas de tratamento e, principalmente, poços sem revestimento”, diz Ferreira. Um levantamento realizado pela Univates ainda em 2000, mostrou que 33% dos poços no Vale do Taquari estavam contaminados por coliformes fecais.
O geólogo comenta a dificuldade para realizar este tipo de pesquisa, já que as pessoas sabem que estão cometendo danos ao meio ambiente e evitam qualquer abordagem que possa resultar em coação: “Durante o trabalho vemos situações inimagináveis, como oficinas mecânicas que liberam o óleo queimado direto em buracos no solo ou fossas que estão interligadas direto ao poço, até o abandono da utilização da água do poço – porque já está contaminada – que passa a servir como depósito de lixo, contaminando diretamente o lençol freático subterrâneo. Ações individuais, podem afetar toda a população”.
Um problema que não aparece
Para o Secretário do Meio Ambiente de Estrela, Vicente Hoss, a destinação dos efluentes domésticos é um problema que não aparece, já que os resíduos são encobertos pelo solo. “O solo é um filtro natural, acontece que estamos sobrecarregando este filtro com o crescimento das cidades e a aglomeração urbana”, esclarece Hoss, lembrando que já existem cidades no Brasil e exterior que não dispõem de água potável para o consumo devido ao estágio de contaminação atingido.
Análises da água do Rio Taquari, principal manancial hídrico da região, mostram que determinados trechos ao longo do rio, como na saída de municípios como Cruzeiro do Sul e Estrela, a qualidade da água é imprópria até para navegação.
Na próxima reunião, marcada para o dia 1° de julho, o Movimento Pró-Meio Ambiente
coloca em discussão o saneamento rural, com a extensionista da Emater/RS, Afaf Mohammad Wermann. O objetivo dos encontros é aprofundar o tema e desencadear ações para amenizar o problema de contaminação de efluentes na região. O Movimento é composto por mais de 30 entidades, empresas, escolas e grupos organizados do Vale do Taquari, atuando há mais de três anos.
(Jornalista Joseani M. Antunes - mailto:joseani@ecoagencia.com.br
para a EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA)
Última atualização:
06 setembro, 2011 - ©
EcoAgência de Notícias
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