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BRASÍLIA - Ambientalistas, Produtores e Consumidores discutem os rumos da Agricultura brasileira

EXCLUSIVO - Direto de Brasília - EcoAgência de Notícias
18-mar-03

Começou hoje no Centro de Estudo Sindical Rural (CESIR), em Brasília, o Seminário Ameaça dos Transgênicos – Propostas da Sociedade Civil, uma iniciativa de diversas entidades representantes dos movimentos ambientalista, de defesa do consumidor e produtores rurais para discutir o posicionamento e formas de mobilização dessas entidades em relação à produção e venda alimentos transgênicos, especialmente da atual safra gaúcha de soja.

Os pontos pacíficos da discussão dizem respeito à aplicação prática do "princípio da precaução" e a não penalização exclusivamente dos produtores que plantaram as sementes contrabandeadas no Rio Grande do Sul.

O argumento das cerca de 73 entidades reunidas até o momento no CESIR é de que não existem estudos significativos comprovando que os alimentos geneticamente modificados não sejam prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Além disso, existe uma série de instituições envolvidas no caso da atual safra contaminada: desde a Polícia Federal, que não foi eficaz na fiscalização das fronteiras do país, permitindo a entrada das sementes contrabandeadas, até as associações de produtores e os governos estadual e federal, cujas agências e órgãos competentes, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nas opiniões manifestadas até agora, todos devem ser responsabilizados pela complicada situação jurídica que põem em conflito direto produtores e governo federal.

Jean Marc von der Weid, um dos coordenadores da Campanha por Um Brasil Livre de Transgênicos, lembra que o fator econômico pode ser decisivo na solução da venda da soja transgênica gaúcha. O Brasil é hoje o único país produtor de soja com capacidade para abastecer um mercado europeu cada vez mais fechado ao consumo de alimentos geneticamente modificados. Além do Brasil, os maiores produtores de soja são os Estados Unidos, Canadá e Argentina – todos produtores de soja transgênica.

Para Jean Marc, o aumento expressivo de 4 milhões de toneladas, entre 1995 e 1999, nas exportações brasileiras dos últimos quatro anos está diretamente relacionado à crescente rejeição européia aos produtos canadenses, argentinos e estadunidenses, já que nenhum pode oferecer a garantia de produtos livres de transgênicos.

Entre as alternativas apontadas até agora para resolver o problema da soja contaminada, a novidade é a proposta dos Deputados Federais João Alfredo, do Ceará, e Adão Pretto, do Rio Grande do Sul. Eles propõe que se estude a possibilidade de o Governo Federal comprar a safra transgênica e destiná-la à produção de biodiesel, uma tecnologia desenvolvimento em diversos centros de pesquisa do país, como a UNICAMP, que pode também impulsionar a produção comercial de combustíveis alternativos. Uma possibilidade que levaria ainda algum tempo para entrar em escala comercial, já que as pesquisas para produção e utilização de biodiesel não estão concluídas, o que obrigaria o governo a estocar a soja até que pudesse ser processada para fins não alimentícios.

Para esta quarta-feira (19/3) estão previstas palestras sobre as vantagens e desvantagens agronômicas dos cultivos transgênicos, com o sojicultor estadunidense Rodney Nelson; custos de produção de cultivos transgênicos e convencionais, com Jean Marc von der Weid e o mercado para produtos transgênicos, convencionais e orgânicos, com Denis Kitch, economista especialista em mercado internacional de grãos.

Na tarde, os participantes se dividirão em grupos de trabalho que irão discutir o posicionamento das entidades aqui representadas sobre a venda da safra contaminada deste ano e os caminhos para as próximas safras.

Gisele Neuls* gisele@ecoagencia.com.br  Exclusivo para EcoAgência de Notícias
* Gisele Neuls viajou à Brasília a convite dos organizadores do evento


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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