EXCLUSIVO - Direto do Japão - EcoAgência de Notícias
18-mar-03
Carlos Tautz*
O Brasil é o 10º maior exportador de "água virtual" do mundo. Na lista encabeçada pelos Estados Unidos, que anualmente vende ao exterior em média 164 milhões de metros cúbicos de água, o país foi responsável pela comercialização no mercado internacional, entre 1995 e 1999, de uma quantidade entre 10 e 100 milhões de m³ de água embutida em produtos. A maior parte deles teve como destino a Europa.
"Água virtual" é o conceito utilizado por cientistas para calcular a quantidade de água necessária para produzir um determinado bem. "É 'virtual' porque, após o bem ser produzido, quase não contém mais água", explica Arjen Hoekstra, do Instituto Internacional de Infraestrutura Hidráulica e Engenharia Ambiental (IHE), da Holanda.
De acordo com levantamentos do Conselho Mundial da Água (CMA), cada quilo de pão gasta 150 litros de água para ser produzido. No caso da batata, são utilizados entre 100 e 200 litros de água, enquanto a mesma quantidade de arroz consome 1.500 litros. Cinco mil chips de 32MB, cada um pesando 2g, consomem 16 mil litros de água, no total, para serem fabricados.
Durante o Fórum Mundial da Água, Hoekstra, principal especialista internacional na matéria, defendeu que "os países levem em consideração o volume de água embutida em suas exportações e importações". É bom o Brasil prestar atenção ao conselho do professor. Hoje, todo o território brasileiro, segundo a Unesco, agência da ONU para a educação, encontra-se em leve risco de escassez de água. Mas, até 2025, a falta absoluta de água pode atingir porções enormes do território nacional.
"Quase 20% da água mundialmente consumida na agricultura é comercializada com outros países sob a forma de produtos derivados das mercadorias agrícolas", calcula Hoekstra. "É um volume enorme de água, uma vez que todos os anos quase cinco trilhões de metros cúbicos de água são utilizados na agricultura e perto de um trilhão de alguma forma vai parar no comércio entre nações", disse.
*O repórter viajou a convite da Fundação Ford - Jornalista Carlost Tautz - tautz@ecoagencia.com.br - EcoAgência de Notícias