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TRANSGÊNICOS

AGAPAN quer responsabilização judicial dos que estimularam plantio de soja transgênica no país

EcoAgência de Notícias - 18-mar-03

Porto Alegre, RS - Em nota oficial que está sendo divulgada hoje (18/3), a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, reafirma sua posição para que seja cumprida decisão judicial de 1999, que proíbe o plantio e a comercialização da soja transgênica no país. A nota considera uma "atitude de barbárie contra o estado de direito e um atentado à soberania do Estado" a manifestação de lideranças favoráveis à liberação da soja transgênica.

A AGAPAN defende, ainda, a responsabilização judicial de todos os políticos, lideranças de classe e representantes de instituições que, através dos meios de comunicação social, congressos, seminários e outros eventos, promoveram e estimularam este processo coletivo de contravenção.

A entidade ambientalista critica a ação inescrupulosa de empresas transnacionais que introduziram ilegalmente a soja transgênica em todo o País e adverte que esse fato exemplar nos ensina numerosas lições de ética, cidadania e, sobretudo, de soberania política e econômica, especialmente em relação à defesa dos interesses nacionais. Defende também a necessidade de que sejam reformuladas as instâncias jurídicas internacionais para legislar e controlar ações criminosas de empresas cuja atuação incide diretamente sobre o patrimônio genético das nações e os interesses soberanos da humanidade na conservação da biodiversidade.

Por fim, lembra que o “caso Monsanto” (responsável pela produção das sementes que entraram ilegalmente no país) não pode ficar restrito a providências governamentais apenas de âmbito nacional, mas evidencia-se a necessidade de uma ampla discussão internacional e do recurso a instâncias do direito internacional na defesa da soberania dos Estados Nacionais. “Estas providências”, conclui a nota, “são imprescindíveis para o encaminhamento de uma nova ordem econômica internacional em relação à qual o Brasil pode e deve assumir um papel de liderança mundial como nação detentora da maior biodiversidade do Planeta”.

Leia a seguir a nota da AGAPAN na íntegra.

Soja Transgênica: O impasse de uma contravenção coletiva

A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, AGAPAN, vem a público reafirmar sua posição intransigente exigindo o cumprimento da decisão judicial de 10 de agosto de 1999 que proíbe o plantio e a comercialização da soja transgênica em todo o território nacional.

Infelizmente é necessário lembrar a numerosas lideranças políticas, setoriais e representantes de categorias profissionais, cooperativas agrícolas, enfim a todos os segmentos que estão se manifestando favoravelmente à liberação da soja transgênica, que esta reivindicação, em princípio é inaceitável porque está fora da lei. O argumento de que a maior parte da produção de soja do País é de origem transgênica e a utilização deste fato consumado como pressão para o descumprimento da lei é uma atitude de barbárie contra o estado de direito e um atentado à soberania do Estado e das instituições que nos caracterizam como uma nação civilizada e democrática.

Em primeiro lugar é necessário ter em mente que a contravenção coletiva representada pela produção de soja transgênica é um problema de cultura política que obriga o Estado a cumprir o seu papel normativo e educativo. É necessário que políticos, lideranças de classe e todos os representantes de instituições que, através dos meios de comunicação social, congressos, seminários, etc. promoveram e estimularam este processo coletivo de contravenção, sejam responsabilizados judicialmente.

A presente condição de sermos detentores de uma safra recorde composta na sua maior parte por soja transgênica, produzida ilegalmente em todo o País, é um fato exemplar que encerra numerosas lições de ética, cidadania e, sobretudo, de soberania política e econômica, especialmente no que diz respeito à criação de defesas dos interesses nacionais contra a atuação inescrupulosa de empresas transnacionais.

Além da necessidade de se promover o respeito interno à lei, é absolutamente indispensável que sejam acionadas e reformuladas as instâncias jurídicas internacionais para legislar e controlar ações criminosas de empresas cuja atuação incide diretamente sobre o patrimônio genético das nações e os interesses soberanos da humanidade na conservação da biodiversidade.

A verdade é que todas as sementes de soja transgênica entraram ilegalmente no Brasil, ou seja, foram contrabandeadas. Mas estas sementes foram produzidas fora do País e a Monsanto, poderosa empresa transnacional proprietária da patente destas sementes, tem o controle total desta produção e, certamente, conhecimento e responsabilidade pela sua entrada ilegal no Brasil. A atuação desta transnacional no caso da soja transgênica, cria a oportunidade para o desenvolvimento de jurisprudências em nível nacional e internacional visando promover os interesses na nossa soberania política e econômica em relação a esta e a outras empresas congêneres.

O “caso Monsanto” não pode ficar restrito a providências governamentais apenas de âmbito nacional. A atuação desta e de outras empresas em diversos países, inclusive nos Estados Unidos, Canadá e outros países ditos “desenvolvidos”, evidencia a necessidade de uma ampla discussão internacional e do recurso a instâncias do direito internacional na defesa da soberania dos Estados Nacionais. Estas providências são imprescindíveis para o encaminhamento de uma nova ordem econômica internacional em relação à qual o Brasil pode e deve assumir um papel de liderança mundial como nação detentora da maior biodiversidade do Planeta.

Porto Alegre, 18 de março de 2003.

Edi Xavier Fonseca
Presidenta


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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