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INTERNACIONAL - Balão estuda efeito da poluição na atmosfera tropical

De: - EcoAgência de Notícias
Date: 21-fev-03

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Investigar e entender como ocorre à interação entre a poluição gerada na superfície e a química na alta profundeza da atmosfera tropical é um dos principais objetivos de pesquisa em desenvolvimento pelo Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet) - unidade complementar da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Bauru - com o auxílio de balões meteorológicos.

De acordo com o diretor do IPMet, Maurício D´Agostinho, o normalmente o instituto se vale de dois tipos de balões para suas observações, os de vôos de curta e os de longa duração. Os primeiros demoram cerca de uma hora e meia para atingir a altura desejada, que é de 30 quilômetros, e têm autonomia média de vôo de duas a três horas. Já o balão para longa duração tem autonomia variável, pois sua permanência no espaço depende das condições meteorológicas, uma vez que navega ao redor do globo terrestre.

D'Agostinho explica que os balões de vôo curto exigem o acompanhamento de uma equipe de resgate em terra para recuperar a carga útil (caixa onde as informações atmosféricas coletadas ficam armazenadas), que é desconectada do balão e volta à superfície com o auxílio de pára-quedas. “O resgate é conseguido por meio do registro da disposição gráfica que monitora a trajetória do vôo", explica ele. A posição exata do local da queda "se obtem com o auxílio de satélites" por meio dos quais se monitora o vôo do balão.

Os vôos de longa duração foram iniciados no Brasil entre 2001 e 2002 por uma equipe especializada francesa. Nessa modalidade de vôo, durante a noite o balão perde um pouco de altitude, impossibilitando a coleta de dados. Mas durante o dia, com a radiação solar, o balão volta a subir e a desempenhar suas funções. “Muitas vezes, a falta de irradiação faz com que os técnicos antecipem o desligamento da carga útil”, comenta D'Agostinho.

Segundo ele, na última campanha foram feitos cinco lançamentos de longa duração. Esse ano a pretenção é a de realizar três ou quatro lançamentos de cada modalidade até o final deste mês. “No futuro uma das idéia do projeto é que se faça também o desligamento da carga útil nos vôos de longa duração, já que ao longo do trajeto – que pode variar de 18 a 70 dias - seu rendimento diminui e o balão não consegue recuperar a altura devida”, informa D'Agostinho.

O balão para os experimentos é preparado no laboratório do IPMet e lançado numa área apropriada da Unesp, em Bauru. Além da equipe da universidade, participam do projeto técnicos e pesquisadores da Comunidade Européia. “A estimativa é que o projeto custe em torno de US$ 3 milhões, que serão rateados pela própria Comunidade Européia”, explica o diretor.

As dimensões dos dois tipos de balões são muito parecidas: ambos têm mais ou menos 10 mil m³ de diâmetro e cerca de cem metros de comprimento. O balão é infládo com gás hélio, que não é inflamável, e bem mais leve que o ar atmosférico. Seu principal componente é a carga útil, composta de vários sensores, equipamentos eletrônicos, sistemas de processamento, sinalizadores para radar e dispositivos iluminosos interno para que possa ser vizualizado a longa distância.

D'Agostinho esclarece que à medida que os equipamentos coletam os dados atmosféricos repassa as informações para os técnicos por telemetria (técnica de obtenção, processamento e transmissão de dados). “O rádio transmite os dados para os pesquisadores por meio de satélites de órbita polar. Outro meio muito utilizado pelos técnicos para a coleta das informações é o GPS. São feitos desenhos da trajetória durante o vôo para se obter a localização do balão a cada momento”, explica ele.

De acordo com o diretor do IPMet esse projeto não se destina a nenhum público específico, pois não são apenas informações meteorológicas comuns e sim áreas de pesquisas até hoje pouco conhecidas. “É preciso se conhecer muito sobre esse assunto”, destaca o técnico. Como o objetivo do estudo é entender a ocorrência do transporte de poluentes gerados pelas atividades humanas e como ele interfere na composição química da porção alta da atmosfera, as infformações são de grande valia para as companhias aéreas. “Quando os aviões estão numa altitude de doze quilômetros, a queima de combustível produz poluentes que interferem na camada de ozônio. Por isso necessitamos deles para entender e estudar esse fenômeno”, diz D'Agostinho.

Além desse projeto, o IPMet junto a Agência Espacial Alemã (DRL) e a Agência Espacial Francesa (Cnes) implementarão em fevereiro de 2004 o Projeto Troccinox. “Investigaremos a participação das descargas elétricas na latitude brasileira no período de verão, principalmente no sudeste e sudoeste do páís, áreas de grande ocorrência desse fenômeno nessa estação”, acrescenta D'Agostinho.

O projeto inclui o vôo de balões, de curta e longa duração, radiossondagens e pesquisas com dois aviões instrumentais, um Falcon (alemão) e um M 55 (russo). “O Falcon, um jato executivo, será específico para altura de até doze quilômetros. E o M 55 exclusivamente para atividades a 20 quilômetros de altura. Este é um avião muito sofisticado e de bastante procura para esse tipo de pesquisa”, comenta D´Agostinho.

“Os dois projetos integram o esforço desenvolvido pelo instituto com a Comunidade Européia para o estudo da atmosfera tropical, com medidas de ozônio e umidade realizada com o uso de balões estratosféricos”, Conta o técnico.

O primeiro lançamento de balão esse ano estava marcado para o último domingo (16), mas devido ao mau tempo foi cancelado. De acordo com D'Agostinho ainda essa semana, se o tempo favorecer, o balão de vôo curto será lançado.

(Camila Cotta - Agência Brasil)


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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