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Quarenta e cinco famílias de índios caingangue receberam nessa terça-feira (foto acima) das mãos do prefeito de Porto Alegre, João Verle, documento oficializando o repasse uma área de seis hectares na Lomba do Pinheiro. A solenidade, realizada nos altos do Mercado Público, contou com danças, discursos, mostra de fotografia e de artesanato. De acordo com o prefeito, o Espaço de Sustentabilidade conquistado pela comunidade caingangue é um resgate à terra indígena para que eles possam ter os benefícios necessários para uma vida digna. Os índios que passarão a ocupar a primeira área desse tipo em uma região urbana no país estão atualmente na Vila Safira, Agronomia, Vila Jari e Planalto. A decisão foi tomada em assembléia do Orçamento Participativo e a prefeitura gastou R$ 100 mil para adquirir a área.

O Espaço de Sustentabilidade conquistado pelos índios prevê, além da construção das moradias, um centro cultural, um posto de saúde e uma escola bilíngüe. No espaço, eles poderão confeccionar seu artesanato, que depois será vendido. De acordo com o líder caingangue Zílio Salvador, 49 anos e natural de Nonoai, a área foi uma grande vitória da comunidade e de todos que apoiaram a luta indígena. Fazendo um discurso na língua caingangue, ele enfatizou que há 12 anos seu povo está lutando para obter o espaço. “A terra é nossa mãe”, disse ele, “Ela nos trouxe e ela nos levará”, completou.

Conquista pioneira

O procurador da República presente à solenidade, Marcelo Veiga Beckhausen, destacou o trabalho como sendo de referência para todo o país. “A conquista dessa comunidade é pioneira em nosso Brasil. Porto Alegre torna-se hoje referência nacional pelo trabalho realizado na causa indígena. E o povo caingangue merece muito mais, pelo sofrimento a que tem sido submetido. Com essa ação, a comunidade indígena está sendo respeitada e reconhecida pelo Poder Público”, disse.

Aproveitando a lembrança de trabalho pioneiro, Verle disse lamentar que “essa iniciativa não seja uma prática rotineira no país. É nosso dever manter a cultura indígena, respeitando-a”, enfatizou. O prefeito ganhou da liderança indígena um cocar, em sinal de apreço ao seu esforço no sentido de garantir para a comunidade caingangue aquele espaço de terra.

A secretária Municipal dos Direitos Humanos, Helena Bonumá, enfatizou a importância dos índios terem seu pedaço de terra. Segundo ela, a idéia da habitação não se resume a ter um lar, mas reside fundamentalmente em possuir um lugar onde a pessoa se sinta bem e garanta a segurança para sua família. “É somente dessa forma que se constrói a cidadania”, destacou.

Jornalista Juarez Tosi - juarez@ecoagencia.com.br © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA