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FSM - O mais ambientalista de todos os Fóruns

De: EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
Data: 29-jan-03
Hora: 17:15:53

A terceira edição do Fórum Social Mundial foi a que mais trabalhou os temas ambientais. Mais que isso: os problemas que atingem todo mundo deixaram de ser assunto apenas dos ecologistas para ser centro dos grandes eventos. Vários expoentes do Fórum como Leonardo Boff, Eduardo Galeano, Noam Chomsky, Fritjof Capra e muitos outros trataram da transversalidade da questão ambiental. Falaram principalmente da sustentabilidade planetária. Até um mutirão de limpeza nas margens do Guaíba foi realizado.

Neste ano foram promovidas 204 oficinas com temática ambiental. Enquanto que em 2002 foram realizadas "apenas" 106.

Na primeira edição do Fórum houve pouquíssimas oficinas. Também marcaram presença muitas organizações internacionais que antes participavam timidamente das atividades. O WWF -Fundo Mundial para Natureza, por exemplo, fez diversos encontros, muitos para trata da gestão da água e da biodiversidade. O Greenpeace fez dois protestos. Um no anfiteatro Pôr-do-Sol contra o uso de energia nuclear e na sede multinacional Monsanto em Porto Alegre. Os ativistas se dependuraram na faixada do prédio e colocaram uma imensa faixa contra os transgênicos: "Monsanto fora do nosso prato - out of our food Greenpeace". E os Amigos da Terra Internacional trabalharam a questão da ALCA, e da energia atômica. Todas cocontando com o apoio das representações locais.

Vários ambientalistas reconheceram que se o cenário "esverdeado" deste ano foi resultado da mobilização que antecedeu o II Fórum Social Mundial, o Fórum Preparatório Rio+10 Um Mundo Sustentável é Possível. O evento, em 2002, reuniu milhares de pessoas que até desfilaram pelas alamedas da PUC gritando "Um Mundo Sustentável é Possível".

Neste ano, foi realizado o Seminário Rio + 11: Um mundo sustentável é possível dentro da programação oficial do Fórum. A organização este ano não contou com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, ficou inteiramente por conta do Vitae Civilis - Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Ambiente e o Desenvolvimento, da APEDEMA-RSAssembléia Permanente das Entidades de Defesa do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, da Central Única dos Trabalhadores, do Cone Sul Sustentável/Brasil Sustentável e Democrático e Prefeitura do Porto Alegre.

E ainda houve testemunhos marcantes, que tiveram como pano de fundo a questão ambiental, como o da ministra Marina Silva e do fotógrafo Sebastião Salgado. Mas um testemunho que deixou muita gente boquiaberta foi o do agricultor Percy Schmeiser, do Canadá, que nem se diz ambientalista. Ele foi processado pela Monsanto por infringir a lei de patentes porque sua lavoura de canola foi contaminada por plantações transgênicas vizinhas. Ele contou sobre o perigo da perda da biodiversidade e do banco genético de sementes milenares indígenas pela contaminação com Organismos Geneticamente Modificados.

E o II ForumZinho Social Mundial, agora incorporado na programação oficial, teve como temas a Carta da Terra e a ecocidadania. A coordenadora do II ForumZinho, Valéria Viana, explica: "o conteúdo da Carta é um chamado à ação, uma expressão de esperança. Sua visão ética, reconhece que a proteção ambiental, os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável, a responsabilidade compartilhada e a paz são interdependentes e indivisíveis". Durante as atividades, foram distribuídas exemplares da Carta da Terra para os mais de quatro mil participantes.

Este ano houve até ONG protestando contra a coordenação do Fórum. A Amigos da Terra/Brasil e a ECOA Ecologia em notícias condenam a atitude da coordenação do III Fórum Social Mundial de aceitar o patrocínio da Petrobras. As entidades argumentam que os impactos ambientais causados pela Petrobrás, como a implantação do Gasoduto Bolívia-Brasil, os vazamentos de óleo ocorridos na Baía da Guanabara (RJ), no Estado do Paraná, entre outros danos causados pela empresa demonstram que a Petrobrás não têm responsabilidade ambiental.

Mas sem dúvida, uma das grandes atrações do fórum, foi a vinda do físico Fritjof Capra. Seu roteiro em Porto Alegre foi viabilizado graças ao Núcleo de Ecojornalistas do RS, a Apedema/RS, a AGAPAN - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, a Cooperativa Ecológica Coolméia, a Fundação Gaia, ao Movimento Roessler de Defesa Ambiental, ao Programa de Pós-graduação em Administração da Escola de Administração da UFRGS e a Pró-Reitoria de Extensão da PUCRS, com apoio da Petrobras, da Prefeitura de Porto Alegre, da Editora Cultrix e da Cotrimaio.

Jornalista Silvia Franz Marcuzzo, com colaboração de Luiz Felippe Kunz Jr. - silvia@ecoagencia.com.br  - © EcoAgência de Notícias, janeiro 2003 - http://www.ecoagencia.com.br .


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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