| |
As últimas notícias da EcoAgência
[
Página Inicial -
Buscar - ]
Capra, Boff e Lama Padma Samten levam otimismo ao FSM
EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
26-jan-03 16:30:40
Porto Alegre, RS - Fantástico! Esplêndido! Demais! Tri bom! Estes e outros elogios foram
feitos ontem (26/01) pela manhã depois da conferência Ciência para uma Vida Sustentável com Fritjof Capra, Leonardo Boff e Lama Padma Samten. O encontro reuniu mais de três mil pessoas, que lotaram o auditório Araújo Viana. O público se levantou e bateu palmas em vários momentos, desde a entrada dos painelistas até as afirmações mais contundentes.
Inúmeros fotógrafos amadores e profissionais se dependuraram na grade de proteção a fim de obter o melhor ângulo das celebridades. E realmente, este dia vai entrar para história. Pelo menos na do movimento ambientalista gaúcho. A abertura foi feita pela representante da Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente, Cimara Machado, seguida pelo representante da Prefeitura de Porto Alegre, Gerson Almeida.
O mediador da mesa, o representante da Agapan - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, Celso Marques, pediu um minuto de silêncio em memória do ambientalista
José Antônio Lutzenberger, falecido em maio do ano passado. Todos pararam. Ouvia-se apenas as asas das pombas que passavam por cima da platéia.
Depois disso, Marques lê durante cerca de 20 minutos a
Declaração de Porto Alegre pelo Aquerenciamento Planetário. O professor de Filosofia utiliza o comportamento da ave
“quero-quero”, que está sempre alerta e vigilante do seu território, pois coloca seus ovos no chão, ao contrário dos demais pássaros, para exemplificar como a humanidade deveria cuidar a sua terra.
“A felicidade é o próprio sentido da intimidade com a natureza onde se vive,” disse. Marques afirma que a humanidade deve estar
“desaquerenciada” da Mãe Terra pois adota modelos “ecocidas e etnocidas” que estão destruindo o Planeta. Concluiu frisando que o
“Fórum é, no campo do exercício para cidadania, uma revoada de quero-queros, um novo aquerenciamento”.
Depois de muito aguardar, a platéia estava a postos para ouvir Capra, o físico que já teve suas obras traduzidas para muitos países. Ele começa falando em português, levando o público ao delírio. Mas argumenta que como não domina a língua brasileira, é obrigado a falar em Inglês. E iniciou comentando que assistiu ao discurso do Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, no anfiteatro Pôr-do-Sol, e que estava presenciando um momento histórico: “o nascimento de um novo Brasil”.
O autor do Tao da Física faz uma ligação entre o antes e depois de virar um pensador de teias e redes de comunicação. Ele foi cientista, pesquisador de física de alta energia e hoje é ativista e educador ambiental. Neste caminho, ajudou na queda do pensamento cartesiano em favor de uma visão holística.
Capra explica que mesmo nas pesquisas ocorrem mudanças, quebra de paradigmas. Para conectar visões, consciências, além da física é preciso uma estrutura conceitual mais ampla. E cita que todas as principais questões como proteção ambiental, saúde, educação, economia, gerenciamento, tudo tem a ver com sistemas vivos.
Como educador ambiental há 20 anos, ele fez muitos contatos com pessoas e instituições e percebeu como esses dois lados estão interligados. O teórico de sistemas e Doutor em Física pela Universidade de Viena conta que a vivência como cientista possibilitou entender melhor como se pode ajudar a construir sociedades sustentáveis. Para isso, explica que é necessário aprender valores dos sistemas vivos, entender como a natureza funciona.
Lados da Vida
E definiu três lados da vida, que estão conectados: a biológico, o cognitivo e o social. Este assunto é tratado no seu último livro publicado no Brasil “As Conexões Ocultas”. Aponta a importância em ter habilidade para se perceber as conexões, especialmente entre tensões, padrões e contextos. Este
insight pode ser notado na base de organização de todos organismos vivos. São exemplos de padrões de rede em todas formas de vida.
Com relação as redes de relações, o austríaco esclarece que elas não são materiais. Integram uma cadeia social e de comunicação, são autogeradoras, como células recicláveis. Os aspectos da vida não são separados. Mente, matéria e vida fazem parte da consciência, que é uma experiência boa do sistema nervoso, resultado de uma emergência de um certo nível de complexidade.
Se a vida social é feita de comunicações, inúmeros significados são gerados. A comunicação cria elos e realimenta crenças, valores, culturas, formando um ciclo contínuo e sustentável. As redes sociais são recheadas de regras, comportamentos, conhecimentos, informações, ou seja, não são materiais. Já o sistema biológico é feito de moléculas, estabelecido por limites da matéria impostos por restrições químicas. “Para ambas redes há novas tecnologias”, adianta.
Globalização
No caso do contexto mundial, há duas divisões: o capitalismo global, que lida com o sistema financeiro, e está preocupado em maximizar a riqueza (Fórum Econômico Mundial em Davos) e as comunidades sustentáveis, que são ligadas por redes ecológicas, fluxos de matéria e energia, intimamente ligadas à teia da vida (Fórum Social Mundial em Porto Alegre).
Capra completa frisando que nas três últimas décadas ocorreu uma revolução tecnológica, em direção a um novo tipo de capitalismo. Esse processo iniciou principalmente depois da II Guerra Mundial. Ele cita dois fatos fundamentais para isso. A globalização, que acompanhar o mundo em tempo real, onde tudo é muito rápido e não segue a lógica do mercado local, mas sim a interações complexas do fluxo de capital. Como exemplo, Capra aponta as crises econômicas do México em 94, na Ásia em 97, na Rússia em 98 e no Brasil em 99.
Em nenhum caso, a nação teve a ver com a crise, mas sim os especuladores econômicos, “profissionais da era
high tech”. Dos países em desenvolvimento, apenas alguns asiáticos se beneficiaram com esses cenários. Em compensação, cresceram as desigualdades sociais, a exclusão e as comunidades que não têm valores financeiros foram diretamente afetadas. Países da África e áreas rurais da América Latina e Ásia, enfim pontos de todas as parte do globo foram afetados por essas mudanças.
Capra lembrou o trabalho do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Durante sete anos Salgado percorreu 40 países, registrando a situação de milhares de refugiados. “É o testemunho da falha do capital global”, assegura, salientando que o neoliberalismo exclui os custos sociais do seu modelo. Influi no aumento e na aceleração da produção de bens especiais e na importação de outros, conduzindo a uma rápida devastação dos ambientes naturais. Força a migração da agricultura, pressiona para a eliminação de critérios para o licenciamento ambiental, sob alegação de livre comércio.
Impacto na Vida
Capra reforçou que o neoliberalismo provoca impacto, não só nos ecossistemas locais, mas na vida das pessoas. “A biotecnologia invadiu a santidade da vida, a vida foi transformada em um bem de comércio”, acusa. E complementa: isso está gerando uma forte discussão entre os líderes comunitários pois o ciclo do capital não é sustentável.
“É preciso que os movimentos de base levantem suas forças”, reforça, dando algumas sugestões para se fazer isso.
Com planejamento, a realidade global pode ser reformulada. “Creio que o ponto crítico é a política”, disse otimista, recordando que em Porto Alegre se fala que “um outro mundo é possível”.
Na virada do século, centenas de integrantes de movimentos de base deixaram seu recado em Seattle, no encontro da Organização Mundial do Comércio. Através dos meios de comunicação, o mundo todo pode ver suas reivindicações. Da mesma forma outros movimentos, como o feminista e o ambientalista, também trabalham em rede, com vastas campanhas e focos em comum.
Celebração em Rede
“O FSM é a celebração do trabalho em rede”, opina, pois se trabalha para um novo tipo de sociedade civil. O professor do Schumacher College, renomado centro internacional de estudos da Inglaterra diz que em várias partes do mundo há centros de aprendizagem fora das academias e governos. Eles ensinam uma nova forma de enxergar o mundo, sob o ponto de vista da sustentabilidade.
Capra entende que é preciso mudar o conceito de sustentabilidade. Para ele, sustentabilidade não é só satisfazer as necessidades desta geração sem comprometer a as gerações futuras. Mas que é preciso um novo conceito operacional para a sustentabilidade.
“A comunidade sustentável não pode interferir da capacidade da natureza de herdar a vida”, comenta.
Para Capra, também é necessário mudar as regras da globalização. É urgente implantar a
“alfabetização ecológica” em todos os níveis, a fim de religar os seres humanos aos fatos fundamentais da vida. Ele é um dos fundadores do Centro de Eco-Alfabetização de Berkeley, na Califórnia, Estados Unidos, (www.ecoliteracy.org), que promove a divulgação do pensamento ecológico e sistêmico nas redes de ensino.
O segundo é o planejamento ecológico, pois o que acontece hoje, na maior parte das vezes, é um vazio entre a humanidade e a natureza.
“É necessário mapear o fluxo de energia e de matérias”, frisa, salientando que é preciso aprender com a natureza.
Uma das áreas cruciais para o ecoplanejamento é a energia. Capra defende o uso da energia solar, da eólica, que já teve um acréscimo de 24% nos anos 90, 31” em 2001, quase 90% desde 1995 e vem aumentando cada vez mais.
E Capra lembra que o Tendão de Aquiles do abastecimento energético são os combustíveis líquidos. Mesmo para esses, há uma solução ecologicamente correta eficiente: são as células de hidrogênio _ uma combinação de hidrogênio com oxigênio, que produz eletricidade e água. Várias companhias já estão fazendo testes com esse sistema.
Exemplo Nórdico
A Islândia está criando um grande sistema econômico baseado no hidrogênio. A ilha
vai investir recursos para gerar hidrogênio, especialmente do gelo do mar. A transição dos combustíveis fósseis para esta nova era será entre 2030 e 2040.
E os carros já estão sendo criados para a era sustentável. Com um chassi de fibra de carbono, ultraleves, com uma aerodinâmica em cima dos preceitos de um
ecodesign, o veículo do futuro vai funcionar a base de um motor elétrico combinado com combustível.
Estes carros híbridos podem usar gasolina ou outras opções limpas. A Toyota e a Honda foram as primeiras a produzir veículos assim, que chegaram a fazer 18 km com um litro de gasolina. Já há casos em que se conseguiu obter 30 km com um litro. Também já estão fazendo testes a General Motors, a Ford, e a Daimler Chrysler. “Estamos na transição para economia do hidrogênio”, adianta Capra.
Era do Petróleo perto do fim
E Capra ainda dá três motivos para a era do petróleo estar com seus dias marcados. Primeiro, as emissões dos combustíveis fósseis vêm provocando danos planetários, inclusive aumentando o aquecimento global. Segundo, a produção de óleo pode estar no pico em duas décadas e depois os preços dos barris podem subir muito. E por último, vai ser mais caro proteger as reservas do Oriente Médio, do que o próprio petróleo, devido a instabilidade política e social do Golfo Pérsico, o que pode tornar esta matéria-prima muito cara.
Com todos estes argumentos, Capra finaliza: “a era do petróleo está acabando porque foram desenvolvidas tecnologias superiores”. E ainda prevê que essa transição provocará conseqüências sociais e políticas. “Será a forma mais efetiva antiterrorista”, acredita, pois dessa forma não haverá mais motivos para os Estados Unidos querer tanto dominar o Oriente Médio.
Com esta forma de energia, os países pobres e em desenvolvimento também serão beneficiados, pensa Capra. Nas vilas e pequenas comunidades poderão ser instaladas células fotovoltaicas, moinhos de vento ou geradores de biomassa. Capra acha que é a única maneira de tirar milhões de pessoas da pobreza. Ele confessou que espera que o governo Lula utilize essa tecnologia. E acrescenta outra grande vantagem do sistema: o resultado do processo é água limpa, potável, um sub-produto da geração de energia.
Capra termina ressaltando que os valores humanos estão mudando, mas não de acordo com as lei naturais. A questão crítica, para ele, não é a tecnologia, mas a falta de política e liderança. O grande desafio é uma mudança nos princípios da economia global compatíveis com dignidade humana e a sustentabilidade ecológica. E por fim disse:
“como vocês estão mostrando aqui em Porto Alegre,o processo de reformulação da globalização já começou”.
E todos se levantaram, assoviaram, bateram palmas e ele, meio sem jeito, toma um copo d´água.
Boff ensina a cuidar
O teólogo
Leonardo Boff, logo depois de todos os aplausos, disse estar lisonjeado de falar após o físico austríaco e que seria mais breve. Mas como também é acostumado
a receber palmas do público, foi logo continuando a fala de Capra, sob os aspectos dos valores e da ética.
Para ele, o Planeta precisa respeitar pelo menos três princípios, começou falando sobre o cuidado. “É a essência. Tudo que é vivo tem que ser cuidado”, observa, o teólogo. Ele diz que é como uma relação amorosa com a realidade, ao contrário da dominação. “É o que trata a Carta da Terra, que pretende formar uma aliança global para cuidar do planeta”.
Outro aspecto levantado por Boff é a cooperação, “pois somos seres de cooperação, onde tudo tem a ver com tudo”. Já o capitalismo é competitivo, não é cooperativo. O terceiro é a compaixão. “Não é pena, mas respeitar a diferença”. E daí Boff largou uma série exemplos de diferenças que o ser humano precisa aceitar, como a biodiversidade, as etnias, as religiões enfim, encarar o outro com respeito.
“Cercar o outro, caminhar junto, sofrer com ele”, cita o professor de Teologia da Universidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Ele ainda explicou três virtudes indispensáveis no dia de hoje: a hospitalidade, a
convivência e a comensalidade. A primeira citada foi defendida pelo ex-frei porque se deve
“acolher o peregrino, a diferença”. Como exemplo, cita os problemas entre os israelenses e palestinos e os índios nos Brasil. Já a convivência, não é só a questão de “tolerar para conviver, já que não consegue eliminar”. Boff esclarece que é não deixar que a diferença se transforme em desigualdade.
“É conviver com alegria com a jovialidade na grande família humana”.
Ainda sobre a comensalidade, Boff colocou uma situação rotineira: “é sentar e comer com o outro”, comentou, resgatando o aspecto sagrado do momento das refeições, desde os tempos primórdios. Dividir com aqueles que não têm, convidar o companheiro para repartir o pão. E encerrou:
“nunca mais a devastação, mas ao tributo da vida”!
Todos presentes também se levantaram e o clima continuou envolvido em uma mágica
atmosfera. Samten agradece Celso Marques
Depois dos dois ícones do pensamento ecológico atual, o Lama Padma Samten, as palavras iniciais foram “é um desafio muito grande falar depois dos três”. Mas o Lama, conhecido pelos porto-alegrenses presentes foi logo dizendo da importância daquele momento histórico. Como Alfredo Aveline, professor de Física da UFRGS, Aveline foi um ecologista atuante e um dos primeiros a divulgar os textos de Capra nas décadas de 70 e 80.
Samtem agradeceu Celso Marques, que coordenou as mesas de trabalho, o fato de
ter sido através dele que conheceu o budismo.
As diferenças estão em nós
O coordenador do Centro de Estudos Budistas Caminho do Meio, na divisa entre Porto Alegre e Viamão, lembra um pouco da história da luta ecológica, mas não demora muito, parte para os ensinamentos budista.
“As diferenças estão dentro de nós”, aponta Padma Samten. Ele diz que a paz também está sempre dentro de nós, assim com a boa e a má vontade.
Dessa forma, o ser humano percebe que tem muito a se superar, mas “isso não nos coloca em campos opostos”, aponta. É um desafio para que cada um faça suas escolhas. “Cada um sabe a dificuldade de seguir aquilo que acha o correto”,
afirma o lama. E citou pensamentos do Dalai Lama, como o que fala que a mente é brilhante, luminosa e incessante. Com esse brilho em um cristal pode irradiar ações positivas, conseqüentemente, felicidade. Já com ações negativas, o cristal propagará infelicidade. E assim sucessivamente. O lama reforça a visão de incluir ações positivas de forma natural. Assim é mais fácil a quebra de paradigmas, o limite entre a ciência, a religião e a filosofia.
Mas deixa claro: “É preciso esforço para superar as dificuldades”. Ele ainda frisa que o que hoje o que se pensa ser libertador, amanhã pode se tornar abundante. “Descubra que a sua natureza pode se alegrar com a do outro”, provoca. E ainda vai mais fundo “você já fez vários cartões de visita, não se prenda ao atual”, sugere. Para ele, o ser humano precisa se livrar das identidades do passado e do presente, “isso nos aprisiona da visão”, opina.
Outra recomendação do lama é a transcendência, um dos pontos colocados por todas as religiões. “É a inclusão no sentido de expansão para o outro, é a essência prática da compaixão”, revela, salientando que dessa maneira brotará a energia da alegria. E ele ainda conta que sentir esses sentimentos, ter vida pulsando provoca compaixão, amor e alegria. “Quando se descobre isso, percebe-se que é isso que se quer da vida”. E o ex-professor disse que isso acontece com os cachorros, os pássaros, os pais, enfim nos seres vivos da natureza.
Enquanto o lama falava, um jovem estrangeiro balançando a bandeira do Tibet passou em frente ao palco. Imediatamente ele parou e todos bateram palmas. O lama voltou a falar, mas não demorou muito e finalizou: “falamos horizontalmente e a diferença é a riqueza”.
A participação de Capra no Fórum é uma iniciativa promovida e organizada pela Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente (Apedema/RS),
Núcleo de Ecojornalistas (NEJRS), Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan),
Cooperativa Ecológica Coolméia, Fundação Gaia, Movimento Roessler,
Programa de Pós-graduação em Administração da Escola de Administração da UFRGS e
Pró-Reitoria de Extensão da PUCRS, com apoio da Petrobras, da Prefeitura de Porto Alegre, da Editora Cultrix e da Cotrimaio.
Texto da Jornalista Silvia Franz Marcuzzo Mtb 7551 (NEJ/RS)
silvia@ecoagencia.com.br © EcoAgência de Notícias, janeiro 2003 -
http://www.ecoagencia.com.br
.
Última atualização:
06 setembro, 2011 - ©
EcoAgência de Notícias
- NEJ-RS e PANGEA
O texto divulgado pela EcoAgência
de forma EXCLUSIVA poderá ser aproveitado livremente em outros saites e veículos
informativos, condicionada esta divulgação à inclusão da seguinte informação
no corpo do material: Nome do Jornalista - e-mail © EcoAgência de Notícias
- www.ecoagencia.com.br.
As fotografias
deverão ser negociadas com seus autores.
| |
|