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Data: 25-jan-03
Hora: 15:32:10
Sebastião Salgado fotografa o "feio" da vida: pessoas morrendo, passando fome; a miséria e o preconceito. Apesar disso, no seu Testemunho ocorrido na tarde de sábado (25/01), o auditório Cepuc 2 literalmente lotou com pessoas interessadas em ouvir algumas palavras e ver as imagens que Sebastião fez pelo mundo.
O fotógrafo brasileiro, que completará 59 anos em fevereiro, contou que em 1969, ele e sua esposa Lélia saíram do Brasil por causa da ditadura militar. Foram para França, onde Sebastião, na época economista, fez um doutorado em Economia e sua esposa estudou Arquitetura e Urbanismo. Na década de 70, ele estava trabalhando na Organização Internacional do Café, com sede em Londres, e devido a esse trabalho viajou para inúmeros lugares do planeta, principalmente a África.
Suas viagens passaram a ser registradas com uma máquina comprada por Lélia , o que possibilitou a ele estabelecer um novo contato com as pessoas. Surgiu assim a paixão pela fotografia e o casal decidiu por um novo estilo de vida. Sebastião passou a trabalhar como fotógrafo free-lance, realizou inúmeros trabalhos no continente africano, trabalhou para agências de fotojornalismo, fotografou nos países da América do Sul e essa proximidade do Brasil ajudou a matar a saudade. O casal ainda não podia entrar no Brasil por causa do regime político da época.
Hoje eles trabalham juntos com fotografia social, mostrando o quê se passa ao redor do mundo, além de manterem um projeto de preservação ambiental em Minas Gerais. São 700 hectares, em área de Mata Atlântica, onde foram plantadas mais de 500 mil árvores nativas. Também foi implantado um Centro Educacional e de Desenvolvimento Sustentável, que recebe estudantes e realiza atividades com a população da região.
Em sua fala, Sebastião frisou que o Brasil precisa repensar a divisão de renda. "Nós temos o país mais imoral do planeta", completou ele sendo ovacionado pelo público presente. Seu depoimento continuou com a exibição de suas fotos, acompanhada de música típica de cada região fotograda. Foram mais de vinte minutos com imagens fortes, mas nada apelativas. Imagens não tão distantes de nossa realidade, mas chocantes por não oferecerem escapatória naquele momento.
Jornalista Patrícia Soares Viale - patricia@ecoagencia.com.br - EcoAgência de Notícias, janeiro 2003 - http://www.ecoagencia.com.br