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FSM - Caso Percy Schmeiser II: Sementes modificadas
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EXCLUSIVO da EcoAgência de Notícias 25-jan-03 |
Percy Schmeiser falando no
3° FSM |
Percy Schemeiser, 72 anos, é um fazendeiro no oeste canadense. Sempre plantou sementes orgânicas de canola em suas terras e assim sustentava sua família. Seus vizinhos fazendeiros faziam o mesmo. Mas em 1996, alguns desses assinaram contratos com a indústria multinacional de sementes Monsanto. Eles queriam aumentar a produtividade e a qualidade de suas plantações e a empresa garantia o cumprimento dessas metas com suas sementes geneticamente modificadas. Na sexta-feira (24/1) ele apresentou seu testemunho a centenas de participantes do Fórum Social Mundial 2003.
Em 1998 a Monsanto processou Percy Schemeiser por infringir a lei de patentes, como se o fazendeiro tivesse usado sementes da empresa sem o consentimento da mesma. Sua terra foi contaminada pelos plantios vizinhos. "As sementes se movem, sejam por causa do vento, dos pássaros ou da polinização", alertou Schemeiser. Pela lei de patentes não interessa como a semente entrou, se as plantas crescerem, essas serão propriedade da Monsanto, que pode processar os fazendeiros sem autorização concedida para plantar.
O fazendeiro exibiu um contrato com as exigências da indústria de sementes: comprar insumos químicos regularmente; pagamento de uma taxa de tecnologia; a compra anual de sementes (o produtor não pode plantar a sua semente de um ano para outro), além de ser proibido processar a Monsanto, seja qual for a situação.
Para ter controle sobre os fazendeiros, a empresa contratou uma guarda própria que fiscaliza as terras destinadas ao plantio das sementes modificadas. Também pressiona através de cartas e incentiva que os vizinhos exerçam a fiscalização uns sobre os outros. "Estamos todos desconfiados e nossa comunidade, nossa biodiversidade estão sendo destruídas", acrescenta Percy Schmeizer.
O fazendeiro espera a resposta da Corte Suprema do Canadá, que sairá em março ou abril desse ano. Ele veio ao 3º Forum Social Mundial testemunhar o quê aconteceu em seu país, contar que a opção deles acabou, mas que países como o Brasil ainda podem decidir o destino de suas terras e seus plantios. "Eu ainda luto porque não quero deixar, como herança aos meus netos, terra e água contaminadas. O tempo que eu ainda tiver de vida será para lutar contra a Monsanto e suas sementes modificadas", finaliza Percy Schmeiser.
Texto da Jornalista Patrícia Soares Viale © EcoAgência de Notícias, janeiro 2003 - http://www.ecoagencia.com.br .