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FSM - Rede Social Mundial quer uma globalização solidária

De: - EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
Date: 24-jan-03
 

Uma nova consciência ética, ecológica e política que permita uma globalização solidária e o compartilhamento de experiências e práticas locais. Este é o principal objetivo da Rede Social Mundial (RSM), que começou a ganhar forma a partir do 1º Fórum Social Mundial (FSM), em 2001, e que nesta terceira edição do evento discutiu o aprofundamento das articulações entre as diversas organizações e movimentos. Para isto, participantes do seminário da Rede Social Mundial debateram nesta sexta-feira, durante todo o dia, a criação de grupos de trabalho que, atuando de forma integrada, tenham as tarefas de viabilizar a gestão democrática, multiplicação, enraizamento e autosustentabilidade econômica das diversas redes, a utilização de tecnologias livres como ferramentas e a maior eficiência na comunicação entre elas.

Ao final do encontro, representantes de organizações de todo o mundo que atuam em áreas como saúde, assistência social, educação movimentos populares, comunicação, direitos humanos, direitos das mulheres e proteção à criança e ao adolescente, entre outras, assinaram a Carta da Rede Social Mundial, que explica o surgimento da RSM e expõe as propostas para a integração das diversas redes. A jornalista Carla Ferreira, integrante da Associação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos (Attac) no Brasil e da coordenação do comitê gaúcho do FSM, salientou que o desafio, neste ano, será o de articular os diversos movimentos sociais, possibilitando a criação de condições concretas para o enfrentamento ao neoliberalismo. “É preciso produzir alternativas e discutir projetos e propostas, paralelamente a um crescente processo de mobilização. Devemos construir a memória do Fórum Social Mundial e intensificar as redes solidárias.”

“A Rede Social Mundial deverá manter um fluxo de informações entre as diversas organizações que a integram, mantendo a pluralidade e a diversidade e buscando consensos”, explicou Euclides Mance, integrante do Instituto de Filosofia da Libertação de Curitiba e da Rede Brasileira de Economia Solidária. Segundo ele, a RSM terá de criar mecanismos de comunicação e articulação, principalmente por meio de ferramentas que a Internet coloca à disposição, que promovam o enfrentamento de todas as formas de exclusão social. “É necessário construir uma política democrática pela expansão de redes. E a interface virtual que permita o intercâmbio exige muita organização.”

Mance salientou que as práticas locais devem ganhar mais espaço em canais próprios de comunicação solidária e autônoma. Ele também citou a interligação das bases de dados das organizações e o incentivo à prática de uma economia solidária como passos importantes a serem dados para a consolidação da RSM. “Temos de elaborar uma agenda que permita ações coletivas e integradas.”

Ação Transformadora das Experiências Locais

Michele Dessenne, da seção francesa da Attac, observou que as experiências locais são valorosas pela transformação social que são capazes de promover. Ela também participa da Associação Les Pénélopes de Mulheres, que tem conseguido socializar experiências vivenciadas pelas francesas em nível local. Michele também citou o exemplo da rede de tradutores voluntários montada pela Attac da França, que permitiu à organização dispor de tradução imediata de textos escritos em qualquer língua. “São exemplos que mostram que a organização de redes sociais não é uma utopia.”

Para Michele Dessenne, a comunicação tem de ser um elemento estratégico na articulação da Rede Social Mundial. “Sabemos que existem milhares de iniciativas solidárias em todo o mundo, mas não temos tido capacidade para compartilhar todas estas experiências.” Michele afirma que a sociedade funciona, atualmente, pela exclusão econômica e social, gerada pela falta de acesso à informação. Ela destaca a necessidade de que se promova uma transformação da comunicação, a fim de que, mais do que apenas consumidores, todos se tornem produtores da informação. “Devemos criar uma rede mundial de informação e comunicação. Mas ela não deve ser uma rede de especialistas e sim de ações e construção de alternativas. Também não pode ser apenas virtual. Além das ferramentas existentes na Internet, deve ser constituída de atores locais.”

Mais informações sobre a Rede Social Mundial em: www.redesocialmundial.org

Carlos Scomazzon - carlos@ecoagencia.com.br - © EcoAgência de Notícias, janeiro 2003 - http://www.ecoagencia.com.br.


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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