De: - EcoAgência de Notícias
Date: 24-jan-03
Dentro dos próximos cinco anos o Brasil deverá ter concluído o processo de elaboração da sua Agenda 21 Infantil, em um processo envolvendo centenas de crianças de todas as regiões do país de forma participativa. O processo, batizado de CCBN (Conferência Criança Brasil no Milênio), foi iniciado há três anos, idealizado pela ONG OPA (Organização de Proteção Ambiental), de Goiânia, com uma parceria com o Ibama. “Estamos mapeando as visões das crianças, suas propostas e compromissos em relação ao meio ambiente e à Carta da Terra”, explica Divino Roberto Veríssimo, diretor da OPA e coordenador do processo de elaboração.
A ONG está expondo o projeto no Colégio Estadial Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, onde acontece o 2º ForunZinho Social Mundial, composto, principalmente, de oficinas para crianças, trabalhando sobre o eixo orientador da Carta da Terra. A OPA deverá, também, promover uma oficina onde tentará reproduzir uma assembléia do projeto.
As crianças são reunidas em assembléias anuais, realizadas em diferentes partes do país, para trabalhar sobre os capítulos da Agenda 21 Global. Até agora, foram realizados 18 tratados dos 40 previstos. A quarta conferência deverá ser em novembro, em Brasília e, a seguinte, em alguma capital do Sudeste. O público das conferências é constituído por crianças de escolas públicas, particulares, deficientes físicos e índias, entre outros grupos. Durante os eventos, os adultos não têm voz, e apenas podem falar quando solicitados pelas crianças, para esclarecer dúvidas. “Nós apenas apresentamos o tema e eles mesmos desenvolvem”, diz Veríssimo.
O objetivo da CCBN é firmar a organização social comunitária das crianças brasileiras e seu diálogo com os adultos como um mecanismo de união, expressão e soberania de suas relações no diálogo com o meio ambiente, as nações e a infância das demais nações no mundo.
Além disso, o processo das conferências é utilizado para disseminar a idéia de organização das crianças em clubes infantis, os quais, futuramente, deverão trabalhar em rede. Uma iniciativa piloto de um desses clubes, o Clubinho da Tartaruga, já está sendo implantado em Goiânia e deverá ser disseminado pelo país.
O projeto vem sendo desenvolvido há cinco anos com crianças de 6 a 11 anos, dentro de escolas, trabalhando de forma interdisciplinar, de uma forma diferente, sem a gestão do professor. “Tem um processo eleitoral, de escolha das crianças que vão dirigir o clubinho. Elas mesmas definem quais serão os seus projetos de pesquisa e as ações na escola. Ao mesmo tempo em que trabalham com a construção de projetos temáticos, em que elas vão a campo e fazem uma pesquisa científica dentro das questões ambientais, elas desenvolvem projetos simples para a escola”, explica Cássia Boaventura, coordenadora do clubinho.
De acordo com ela, trata-se de um projeto de baixíssimo custo financeiro. “Custa envolvimento, trabalho, boa vontade. O que é feito é na estrutura escolar. Como o objetivo é envolver a criança com questões ambientais, isso se dá praticamente sem custo. E os educadores, em sua maioria são voluntários”, diz.
Apesar da dificuldade em se medir os resultados alcançados, por se tratar de mudanças de atitudes, ela diz que já é possível senti-los. “Em cinco anos a gente tem uma escola mais tranqüila, limpa, organizada e, sobretudo, mais humana. O mais interessante é a paixão que as crianças começam a ter pelos animais, principalmente em extinção, elas adoram esse tema”, afirma.
André Muggiati, Rebea (Rede Brasileira de Educação Ambiental), foeandre@uol.com.br © EcoAgência de Notícias, janeiro 2003 - http://www.ecoagencia.com.br .