De: - EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
Data: 22-jan-03
Hora: 11:44:14
Os processos midiáticos estão em crise. Tanto os veículos tradicionais impressos quanto o rádio e a televisão têm se desviado em muito de seu preceito básico de informar com qualidade, permitindo tomadas de decisão qualificadas por parte de ouvintes, telespectadores e leitores. Além disso, é evidente o empobrecimento da abordagem do fator humano, das boas experiências humanas nos informativos, que apelam na sua maioria para o espetáculo, para a valorização do grotesco.
Essas foram algumas das idéias levantadas na última Terça Ecológica, que se realizou na noite de 21 de janeiro, na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS, em Porto Alegre. Do evento, participaram a professora da Faculdade de Educação da UFRGS, jornalista Rosa Maria Bueno Fischer, e doutora em Educação pela Universidade, a psicóloga Isabel Carvalho, que coordenou o projeto Meio Ambiente e Democracia do Ibase. O debate foi acompanhado por quase mais de uma centena de pessoas, entre estudantes e profissionais, e contou com a coordenação da professora da Fabico e doutora em Comunicação pela USP, jornalista Ilza Girardi Tourinho, membro do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS).
Segundo a psicóloga, desde a realização do primeiro grande evento sobre meio ambiente em nível planetário, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Humano (1972, Estocolmo, Suécia), o número de atores envolvidos com as questões ambientais tem sempre crescido. E a partir da Eco92 (1992, Rio de Janeiro, Brasil), a mídia nacional passou a ver a ecologia com “outros olhos”. Programas, editorias, colunas e especiais foram criados, dando novo espaço e enfoque a temas até então marginalizados. Logo, o espaço da mídia dedicado à temática ecológica também tem se ampliado ao longo dos anos.
No entanto, para a jornalista Rosa Fischer, tão importante quanto o ganho em termos de espaço é observar de que modo a ecológica vem sendo pautada e abordada. Segundo ela, o que se vê replicado em páginas, boletins e sonoras é a repetição contínua da lógica da chamada grande imprensa, que torna tudo homogêneo, que compartimenta e divide e não aprofunda os temas abordados, sem visão sistêmica, sem pensamento complexo. “A imprensa não pode ser apenas uma repassadora de informações”, salientou. “A mídia educa os sentimentos, a sensibilidade e a estética, contribuindo para a formação de sujeitos e de comportamentos”, completou a psicóloga.
Para ambas, é preciso superar o discurso atual e recuperar a experiência humana nos veículos de comunicação, apostar em novas linguagens e em outros meios que proporcionassem uma fuga do “modelo homogeneizador”. De acordo com Rosa Fischer, “está faltando ousadia na criação jornalística, estamos matando a poesia. Histórias incríveis de vida nos estão sendo negadas pela mídia”.
A Terça Ecológica é um projeto desenvolvido pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul desde 1994, e se propõe a levantar temas de amplo interesse público, tanto para pessoas comuns, estudantes e profissionais das mais variadas áreas.
* Sugestão de Leitura O Império do Grotesco, de Muniz Sodré (Editora Mauad, 156 páginas)
Jornalista Aldem Bourscheit - aldem@ecoagencia.com.br - © EcoAgência de Notícias, janeiro 2003 - http://www.ecoagencia.com.br - Membro do NEJ/RS e Assessor de Imprensa da Abema (Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente) - (51) 9962-4886 / (51) 9173-0249