De: - EcoAgência de Notícias
Hora: 22:02:28
Data: 20 jan 2003
Nos últimos anos houve avanços em relação à educação indígena no Brasil, principalmente com a resolução do Conselho Nacional de Educação que criou uma escola específica para os índios brasileiros. A constatação é da Procuradora Regional da República da 4ª Região Ieda Hoppe Lamaison, que coordenou a oficina que debateu “Educação para Todos: Educação Indígena e Educação Especial”, durante o Fórum Mundial de Educação, no Museu de Artes do Rio Grande do Sul (MARGS).
“Essa escola”, explica a Procuradora, “vem ao encontro das comunidades indígenas, respeitando a sua diversidade, seus aspectos culturais, seus costumes e tradições, privilegiando o processo ensino-aprendizagem, de acordo com os conhecimentos dos índios e a forma de organização social dessas comunidades”. O resultado disso, explica, é a criação do ensino bilíngüe, a escola dentro de áreas indígenas, a formação do currículo por parte de professores indígenas (juntamente com a comunidade), e liberdade na formação desse currículo.
Também participou da oficina a Procuradora da República em São Paulo, Eugênia Augusta Gonzaga Fávero que defendeu a necessidade de integração das crianças portadoras de deficiências em escolas normais, ao contrário da política que prioriza a criação de escolas especiais. Segundo ela, isso já está expresso na Constituição Federal. Ela lembrou que o Brasil tem hoje cerca de seis milhões de jovens portadores de deficiência em idade de ensino básico, que inclui o fundamental e o médio. Desse total, apenas 500 mil estão em escolas, sendo que menos de 100 mil em escolas regulares e 400 mil em escolas especiais.
De acordo com a Procuradora Eugênia Augusta Fávero, “nosso atual ambiente escolar não acolhe com regularidade as pessoas com as chamadas necessidades educacionais especiais”. A Procuradora lembra que há cerca de um século surgiu no Brasil a educação especial, uma vez que na época o sistema educacional não dava atendimento adequado a diversos segmentos da sociedade. “Essa educação”, explica, “foi importante para a época. Hoje, no entanto, não é suficiente, pois não prepara adequadamente as pessoas para enfrentarem todos os problemas da sociedade”. No seu entender, a palavra chave para se garantir a inclusão social é “diferença”. Respeitar a diferença é a única coisa que nos legitima e faz parte da nossa raça humana, enfatiza. “Temos que procurar uma educação que acolha, dê respostas adequadas e valorize os professores”, concluiu ela.
Juarez Tosi (Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul - NEJ/RS) juarez©ecoagencia.com.br - @ EcoAgência de Notícias, janeiro 2003 - www.ecoagencia.com.br .