A Recuperação do Gravataí

por Renato Ferreira, secretário executivo do Pró-Guaíba

Junho 2001 - O maior investimento do Módulo I do Pró-Guaíba começa a ganhar efetividade ambiental. O governo do Estado, através da Corsan, iniciou as 24 mil ligações das residências às redes de esgoto de Cachoeirinha e Gravataí, o que beneficiará todo o abastecimento público de água de grande parte da região Metropolitana. As obras, entregues em 1998 sem as ligações domiciliares, custaram 70 milhões de dólares, quase um terço do que está sendo investido nesta primeira parte do programa financiado pelo BID.

Para transformar esse investimento em qualidade de vida, a Secretaria Executiva do Pró-Guaíba firmou parceria com a Corsan para subsidiar as ligações domiciliares. Com isso, os resíduos domésticos passarão a ser tratados e não mais lançados in natura no rio Gravataí. Serão investidos mais de R$ 5 milhões até julho de 2002. Os moradores serão visitados por educadores ambientais. Os usuários pagarão valores de R$ 25,00, R$ 50,00 e R$ 60,00, que poderão ser parcelados. Quem autorizar a ligação no primeiro mês após a visita terá prazo de seis meses para iniciar o pagamento da ligação e da taxa de esgoto, com valor calculado entre 45% e 55% do consumo de água.

O Gravataí é o rio mais sensível da região hidrográfica, pois as suas nascentes, no Banhado Grande, foram drenadas nos anos 60, ignorando-se seu papel ecológico. Ele tem hoje apenas 30% da área original. Por isso perdeu boa parte da sua função de esponja, o que explica a falta de água no verão e as enchentes no inverno. O tratamento dos esgotos, há 20 anos reivindicado pela Associação de Preservação da Natureza do Vale do Gravataí, vai melhorar a qualidade de suas águas.

No Módulo II do Pró-Guaíba, que se inicia em 2002, está prevista a regularização da vazão do Gravataí e uma intervenção forte no arroio Feijó, em Viamão e Alvorada, um dos afluentes impactados pela ocupação urbana desordenada. O Pró-Guaíba atua numa região formada por 251 municípios, buscando a recuperação de todos os rios que formam o Guaíba, por meio da implantação de um modelo de desenvolvimento ecologicamente sustentável e socialmente justo. Essa conquista precisa da participação efetiva da comunidade.