É muito comum, nos dias de hoje, ouvirmos a afirmação de que quem manda no mercado é o consumidor. Tudo é feito para ele e em função dele. Frase muito corrente na boca de teóricos de marketing e mídia. Segundo este pressuposto o consumidor é o rei de tudo. Ele é quem manda.
Na opinião dos ecologistas esta tese, mais do que uma constatação de realidade, é um desejo dos marqueteiros. Desejo de que todos nós transformemo-nos em simples consumidores. Com isto abrindo mão da nossa posição de cidadão em troca do suposto estado nirvánico da condição de consumidor.
Quem é o consumidor ideal para estes marqueteiros? Em primeiro lugar um cara com muita grana. Pobre está excluído desta condição de “poderoso determinador do mercado”. Em segundo lugar o consumidor só consome. Não crítica nem exige coisa nenhuma. Um cara que busca somente a satisfação de seus impulsos e desejos de modo egoísta e sem questionamentos de qualquer espécie. Pouca importa como e a que custos sociais o produto foi feito. Quanto mais idiota ele for melhor. Mais fácil de ser induzido pelas campanhas publicitários.
Especialmente àqueles que, habilmente, manipulam os desejos e carências das pessoas através de filmes, programas de rádio e TV e outras estratégias. Bem diferente deste consumidor ideal é o cidadão. Em primeiro lugar porque o cidadão só compra o que precisa de fato e evita o que é supérfluo. O cidadão questiona a qualidade do produto quanto aos seus aspectos de saúde. Ele pergunta sobre os processos como o produto foi produzido. Quer saber se estes processos não agridem a natureza, não exploram pessoas ou crianças.
O cidadão pensa no bem da coletividade. Se um produto tem problemas ele se organiza para denuncia-lo, boicotá-lo ou para exigir das autoridades a sua retirada do mercado. Já se o produto é bom o cidadão divulga, espontaneamente, suas virtudes. O cidadão não se deixa enganar por campanhas de publicidade. Mesmo as mais bonitas e charmosas. Ele mantém seu espirito crítico. O cidadão sabe reconhecer uma publicidade honesta e informativa de uma campanha manipulativa. Ele busca consumir produtos que respeitem os princípios de uma vida saudável e justa.
Produtos que atentam suas necessidades reais e que contribuam para melhorar a vida de quem os produz e que não só sirvam para gerar lucros, misérias e problemas ambientais. O cidadão sabe reconhecer os bons publicitários que buscam trabalhar de forma honesta e ética existentes, em grande quantidade, na praça.
O cidadão é quem deve ser, numa sociedade democrática, o rei do mercado e não o mero consumidor. Esta reflexão é importante de ser feita na semana do meio ambiente. Isto porque esta data só existe no calendário por força da luta de milhares de cidadãos no mundo todo.
(2/6/2004)