A soja maradona tem sido o debate dos últimos dias. Apelido dado pelos produtores à soja transgênica, contrabandeada da Argentina. Ela vem sedo cultivada, de modo ilegal, por milhares de agricultores que tem sido induzidos a isto por lideranças do meio agrícola, do meio cientifico e da mídia.
Se compararmos a soja transgênica às drogas veremos que há muita semelhança. Pode parecer exagero mas o cultivo é ilegal e só quem ganha são os que vendem o produto. Nesta comparação estamos vivendo o período em que os traficantes distribuem a droga de graça para viciar os futuros dependentes.
Depois será cobrado o preço do vício, não só dos agricultores, mas de toda a sociedade. Os agricultores estarão na mão de empresas que controlam a semente e não terão outra alternativa de plantio. A sociedade arcara com as perdas na agricultura e com os impactos na saúde e no meio ambiente. Aí incluídos os impactos das perdas dos mercados internacionais da soja e de produtos animais que tem nela a base da ração.
A diferença entre os transgênicos e as drogas é que há muita gente fazendo a apologia do seu uso tentando gerar o fato consumado e forçar o governo federal a liberar o cultivo. Algumas lideranças políticas conservadoras defendem estás tecnologias porque elas são pensadas para quem pratica agricultura tecnificada com altos custos. Está agricultura sempre teve subsídio público, por isto parece ser viável economicamente. Usam o mesmo discurso do combate a fome que serviu para introduzir o agrotóxico no passado. Hoje há mais famintos e mais gente pobre nas cidades, que a 40 anos atrás, por conta destas tecnologias. Já os seus defensores estão mais ricos que no passado, razão por que apostam nos transgênicos para continuar aumentando seu poder.
Alguns cientistas defendem os transgênicos por que vivem de esmolas, das multinacionais, para suas pesquisas devido a falta de investimento público em ciência. Alguns tem interessem em lucrar com patentes de organismos transgênicos. Ao invés de lutarem contra isto se acomodam com estas migalhas e não enxergam seu compromisso com o bem estar da população. Já a grande mídia vem recebendo muito dinheiro para fazer campanhas publicitárias disfarçadas de matérias jornalísticas e comentários isentos. A Monsanto vem patrocinando estes programas para passarem a idéia de que os transgênicos são inofensivos. Que são modernos e rentáveis. Pura mentira!
O que assistimos é uma guerra de conquista de mercados em que o Brasil pode perder sua condição de produtor respeitado. Tarefa que custou anos de trabalho. Assistimos a batalha final do processo. A Monsanto está quebrada e se perder esta batalha pode fechar ainda este ano. Daí seu desespero. Achamos que o governo deve tratar os agricultores como viciados. Vítimas de interesses que não os deles.
Cremos que devam ter a safra comprada por um valor abaixo do preço de mercado( o que seria um castigo pelo que fizeram) desde que denunciassem os fornecedores(os traficantes no caso). Estes devem ser presos. Se possível nas mesmas prisões de quem vende drogas. A soja transgênica deve ser guardada até decidir um destino seguro. (como fazer adubo orgânico). Seria um prejuízo para a nação. Mas poderia acabar com o tráfico de transgênicos antes que ele ser torne irreversível. O que seria um desastre muito maior para a economia, a saúde e o meio ambiente.
Fora desta solução só a liberação geral. Mas daí, por uma questão de coerência, deveríamos liberar todas os cultivos ilegais que hoje movimentam o mercado ilícito e incorporá-los às atividades da nossa economia usando os mesmo argumentos dos defensores dos transgênicos.
* Arno Kayser é engenheiro-agrônomo e participante do Movimento Roessler de Defesa Ambiental, de Novo Hamburgo, RS