Arborização Urbana

A Prefeitura de Porto Alegre também devasta

Augusto César Cunha Carneiro*

Não obstante a pesada propaganda da Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SMAM, através de cartazes, principalmente e inclusive da  Agenda 21, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana de Porto Alegre devastou completamente os acostamentos da antiga Estrada Edgard Pires de Castro, em Belém Novo. Foi um desbaste com maior violência do que qualquer obra semelhante às que faz o DNER nas estradas federais. A devastação municipal foi feita com machado e facão em toda a extensão da nossa estrada. As vítimas foram os arbustos e até árvores de porte.

Também em 1997, em junho, o mesmo DMLU, violando a Lei Florestal que protege as margens de rios, foi até a Praia do Leblon, no centro do Bairro Belém Novo, e ali se atirou com fúria contra a vegetação local.

Naquele recanto porto-alegrense há uma praça e defronte, uma pequena enseada com cerca de 100 metros de comprimento. Os inimigos da vegetação chegaram a entrar na água com roçadeira e degolaram os juncos até uma largura de mais ou menos 50m. Cortaram os arbustos e maricás, além de podarem árvores de porte. Havia também uns seis sarandis, sendo que quatro foram cortados a facão e os dois que sobraram o foram porque o pessoal da AGAPAN, intervindo, conseguiu impedir o término da estúpida obra.

A AGAPAN e um voluntário defensor das árvores conseguiram parar a perniciosa obra. Efetuaram denúncia ao Ministério Público estadual que providenciou perícia, intimou a Prefeitura e está estudando a contradita da acusada, para a tomada de providências legais. Na Praia do Lami a Prefeitura repetiu o feito, limpando a vegetação “feia”.

A Prefeitura assim age porque parece que a SMAM é esquecida e não tem nenhuma influência sobre as demais repartições municipais, sendo sempre desconsiderada por quem realiza obras. Há prova desta omissão, pois os funcionários da Secretaria Municipal da Cultura chegaram a arrancar diversas árvores na praça-estacionamento do Teatro Renascença sem que se notasse a existência da SMAM nem para multar.  

O autor é presidente da PANGEA. Contato: (0xx51) 224-7014.