Mortandade de  pingüins no sul do Brasil

Porto Alegre, inverno de 1998 - Território abandonado pelas Forças Armadas e muito mais por outras instituições federais e estaduais de fiscalização ambiental, o litoral  sul do Brasil foi alvo, nas primeiras semanas de julho, conferido de Mostardas a Florianópolis, de mais uma mortandade de milhares de Pingüins da espécie ‘Pinguim de Magalhães’ que vive  a maior parte do tempo junto a  Península Valdez, na Argentina.  Mas, nesta época do ano, sobem mais ao norte a procura de alimentação passando meses sem colocar as patas sobre terra/gelo firme, voltando depois para a Patagônia.

Atacados pelo óleo negro, os pingüins perdem rapidamente a capacidade de autoregulação da temperatura, as penas com óleo diminuem a velocidade, há um enfraquecimento geral. Chegam à praia para morrer..

Alguns deles foram recolhidos por técnicos universitários nas localidades costeiras do Rio Grande do Sul, ou em Florianópolis. Estes  foram limpos, alimentados com vitaminas e tiveram combatidos os vermes que se proliferavam em seus sistemas digestivos.  O tratamento normalmente leva cerca de duas semanas; depois são devolvidos ao mar, necessariamente em bandos.

Dos recolhidos,  sobrevivem cerca de 70%, se bem tratados. Mas a grande maioria não é recolhida e  morre.

José Truda Palazzo Júnior, coordenador brasileiro da Coalizão Internacional para a Vida Silvestre, recebeu em Florianópolis a equipe da Paramount, que produz a série americana Wild Things, visto em 40 milhões de residências ao redor do globo, e acabou acompanhando a equipe no Rio Grande do Sul para fazer imagens e se informar mais sobre o fato. Os fiscais do IBAMA de Tramandaí e Mostardas ajudaram na inspeção realizada na costa gaúcha.

Sobre a origem do óleo, que não era petróleo puro,  mas combustível, pouco se sabe com certeza, mas o fato é que na área do acontecimento existem monobóias da Petrobrás que servem  para  os navios petroleiros deixarem seus produtos no oleoduto que entra no continente por Tramandaí.

O laboratório da própria empresa  fez exames  em amostras do óleo e chegou a conclusão que era venezuelano. Fora os barcos que chegam à Petrobrás, não há registro dos que passam no litoral. A Marinha brasileira não tem recursos para  uma fiscalização eficaz.

Francisco Milanez, da Agapan, afirma que o derramamento  que houve é culpa da Petrobras, já que os navios vem perto da costa por causa do terminal marítimo da empresa. E se não foi ela quem jogou o óleo  no mar, que procure a empresa responsável e repasse o valor da multa (que deveria  sofrer).

Deve-se uma explicação à opinião  pública. O que houve, afinal?